Calendário da USP será mantido apesar da greve dos estudantes
As aulas na USP não foram paralisadas, apesar da greve convocada pelos estudantes, que começou nesta quarta-feira. A reitoria informou, por meio de nota, que o calendário de atividades está mantido e, somente em alguns cursos, como letras, as salas de aula ficaram vazias.
Estão programadas para esta quarta-feira assembleias por departamentos, para definir se os alunos vão acatar a decisão da assembleia geral. O diretor do Diretório Central dos Estudantes Livre da USP João Vitor Panesi espera que as assembleias por curso sirvam também para informar os estudantes sobre as reivindicações dos alunos que ocuparam a reitoria. Os professores da USP também vão se reunir em assembleia esta tarde para decidir se aderem à greve dos estudantes.
A reitoria da universidade informou, em nota, que as aulas de graduação e pós-graduação da universidade estão transcorrendo normalmente e que os funcionários da reitoria devem voltar nesta quinta-feira (10) a trabalhar no prédio que estava ocupado pelos estudantes.
A PM mantém o patrulhamento reforçado na Cidade Universitária, zona oeste da capital paulista. No fim da manhã, 14 carros da Força Tática estavam estacionados em frente à reitoria.
Ainda de acordo com a reitoria, já estão sendo contabilizados os danos patrimoniais provocados pela invasão dos alunos. Comissões serão instauradas para tomar as devidas providências legais contra os responsáveis. Estudantes que ocuparam a reitoria negam ter danificado equipamentos e instalações.
GREVE
Na noite de ontem, um grupo de estudantes da USP se reuniu em assembleia e decidiu iniciar uma greve, em protesto à prisão dos 72 manifestantes durante a reintegração de posse da reitoria. Na manhã de hoje, porém, as aulas eram realizadas normalmente na maioria dos institutos.
Os manifestantes foram soltos na madrugada, após o pagamento da fiança de R$ 545. De acordo com o advogado Felipe Gomes Vasconcelos, que defende os estudantes, o valor total, de R$ 39.240, foi arrecadado com sindicatos, entidades e movimentos sociais.
Os detidos foram indiciados sob suspeita de desobediência a ordem judicial (não cumpriram o prazo de desocupar a reitoria até as 23h de ontem) e dano ao patrimônio público (o prédio foi danificado).
REINTEGRAÇÃO
A reintegração começou por volta das 5h desta terça-feira. Segundo a PM, os estudantes estavam dormindo quando a operação começou. Cerca de 400 policiais da Tropa de Choque e da Cavalaria da PM foram acionados, além de um helicóptero Águia e de policiais do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e do GOE (Grupo de Operações Especiais).
Os militares, portando cassetetes e escudos, fizeram um cordão de isolamento ao redor do prédio e retiraram os estudantes, que não resistiram à prisão. O prédio foi entregue pela polícia a um oficial de Justiça, já que a operação foi motivada por um mandado judicial.
Os estudantes detidos reclamaram do tratamento que receberam da polícia. "A atuação foi brutal, uma presença muito forte e desproporcional. Para que agredir os estudantes, usando algemas? Os policiais quebraram várias portas da reitoria onde a gente nem tinha entrado. Temos consciência de que essa perseguição é política", disse Paulo Fávaro, 26, aluno de artes visuais.
Sob a condição de anonimato, os pais dos estudantes também reclamaram da atuação da PM. Numa folha de papel, eles escreveram uma carta à mão em que criticam a operação.
"Nós, pais de alunos da USP, repudiamos o modo como foi conduzido pela reitoria o processo envolvendo o movimento dos estudantes. Repudiamos a ação repressiva e truculenta das forças policiais no campus da universidade nessa madrugada de terça-feira. Estamos indignados com o fato de que uma instituição educativa utiliza como principal instrumento de solução de conflito social o uso da força policial. Nossos filhos são estudantes e não bandidos e estão em defesa de uma universidade onde existam debates democráticos", diz o texto.
O major da PM Marcel Soffner afirmou que a reintegração de posse foi tranquila e sem confronto. Sobre os possíveis abusos, o major informou que toda operação da PM foi gravada e as suspeitas de agressões serão apuradas. "Tudo foi documentado e, se houver qualquer suspeita, vamos apurar", disse.
HISTÓRICO
Os acontecimentos que levaram à ocupação da reitoria tiveram início no dia 27 de outubro, quando três alunos da USP foram detidos por posse de maconha. Houve reação de colegas, que investiram contra a PM. Policiais usaram bombas de efeito moral e cassetetes para levar os rapazes à delegacia --depois eles foram liberados.
Na mesma noite, um grupo de cem estudantes invadiu um prédio administrativo da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Na terça passada, mais de mil alunos realizaram uma assembleia que decidiu, por 559 votos a 458, pela desocupação do edifício.
A minoria derrotada, porém, decidiu invadir a reitoria. A USP toda tem cerca de 82 mil alunos (50 mil só na Cidade Universitária).
Estão programadas para esta quarta-feira assembleias por departamentos, para definir se os alunos vão acatar a decisão da assembleia geral. O diretor do Diretório Central dos Estudantes Livre da USP João Vitor Panesi espera que as assembleias por curso sirvam também para informar os estudantes sobre as reivindicações dos alunos que ocuparam a reitoria. Os professores da USP também vão se reunir em assembleia esta tarde para decidir se aderem à greve dos estudantes.
A reitoria da universidade informou, em nota, que as aulas de graduação e pós-graduação da universidade estão transcorrendo normalmente e que os funcionários da reitoria devem voltar nesta quinta-feira (10) a trabalhar no prédio que estava ocupado pelos estudantes.
A PM mantém o patrulhamento reforçado na Cidade Universitária, zona oeste da capital paulista. No fim da manhã, 14 carros da Força Tática estavam estacionados em frente à reitoria.
Ainda de acordo com a reitoria, já estão sendo contabilizados os danos patrimoniais provocados pela invasão dos alunos. Comissões serão instauradas para tomar as devidas providências legais contra os responsáveis. Estudantes que ocuparam a reitoria negam ter danificado equipamentos e instalações.
GREVE
Na noite de ontem, um grupo de estudantes da USP se reuniu em assembleia e decidiu iniciar uma greve, em protesto à prisão dos 72 manifestantes durante a reintegração de posse da reitoria. Na manhã de hoje, porém, as aulas eram realizadas normalmente na maioria dos institutos.
Os manifestantes foram soltos na madrugada, após o pagamento da fiança de R$ 545. De acordo com o advogado Felipe Gomes Vasconcelos, que defende os estudantes, o valor total, de R$ 39.240, foi arrecadado com sindicatos, entidades e movimentos sociais.
Os detidos foram indiciados sob suspeita de desobediência a ordem judicial (não cumpriram o prazo de desocupar a reitoria até as 23h de ontem) e dano ao patrimônio público (o prédio foi danificado).
REINTEGRAÇÃO
A reintegração começou por volta das 5h desta terça-feira. Segundo a PM, os estudantes estavam dormindo quando a operação começou. Cerca de 400 policiais da Tropa de Choque e da Cavalaria da PM foram acionados, além de um helicóptero Águia e de policiais do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e do GOE (Grupo de Operações Especiais).
Os militares, portando cassetetes e escudos, fizeram um cordão de isolamento ao redor do prédio e retiraram os estudantes, que não resistiram à prisão. O prédio foi entregue pela polícia a um oficial de Justiça, já que a operação foi motivada por um mandado judicial.
Os estudantes detidos reclamaram do tratamento que receberam da polícia. "A atuação foi brutal, uma presença muito forte e desproporcional. Para que agredir os estudantes, usando algemas? Os policiais quebraram várias portas da reitoria onde a gente nem tinha entrado. Temos consciência de que essa perseguição é política", disse Paulo Fávaro, 26, aluno de artes visuais.
Sob a condição de anonimato, os pais dos estudantes também reclamaram da atuação da PM. Numa folha de papel, eles escreveram uma carta à mão em que criticam a operação.
"Nós, pais de alunos da USP, repudiamos o modo como foi conduzido pela reitoria o processo envolvendo o movimento dos estudantes. Repudiamos a ação repressiva e truculenta das forças policiais no campus da universidade nessa madrugada de terça-feira. Estamos indignados com o fato de que uma instituição educativa utiliza como principal instrumento de solução de conflito social o uso da força policial. Nossos filhos são estudantes e não bandidos e estão em defesa de uma universidade onde existam debates democráticos", diz o texto.
O major da PM Marcel Soffner afirmou que a reintegração de posse foi tranquila e sem confronto. Sobre os possíveis abusos, o major informou que toda operação da PM foi gravada e as suspeitas de agressões serão apuradas. "Tudo foi documentado e, se houver qualquer suspeita, vamos apurar", disse.
HISTÓRICO
Os acontecimentos que levaram à ocupação da reitoria tiveram início no dia 27 de outubro, quando três alunos da USP foram detidos por posse de maconha. Houve reação de colegas, que investiram contra a PM. Policiais usaram bombas de efeito moral e cassetetes para levar os rapazes à delegacia --depois eles foram liberados.
Na mesma noite, um grupo de cem estudantes invadiu um prédio administrativo da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Na terça passada, mais de mil alunos realizaram uma assembleia que decidiu, por 559 votos a 458, pela desocupação do edifício.
A minoria derrotada, porém, decidiu invadir a reitoria. A USP toda tem cerca de 82 mil alunos (50 mil só na Cidade Universitária).
Por Folha