|

Sem avanço nas negociações, PMs da Bahia acabam greve

Os policiais militares da Bahia decidiram em assembleia voltar ao trabalho imediatamente após doze dias de greve. Os grevistas informaram que a decisão veio depois de uma reunião com o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alfredo Castro, que teria garantido anistia administrativa para todos os PMs envolvidos na paralisação. O comandante, porém, negou que tenha havido reunião com a comissão dos grevistas na tarde deste sábado.
"Mas nós não decidimos voltar por causa do governo. Voltamos pela sociedade baiana, que estava sofrendo com a greve e o governador usando isso para colocá-la contra nós", afirmou o porta-voz dos grevistas, o soldado Ivan Carlos Leite. Segundo ele, os PMs voltam para as ruas, mas as negociações continuam. "Optamos pela negociação sem greve e o governo terá que nos atender. Senão vamos parar outra vez", disse Leite.
A decisão da assembleia realizada em Salvador já foi repassada para os batalhões do interior, onde, segundo o movimento, haviam PMs aquartelados. Segundo Ivan Leite, o principal líder do movimento, o ex-soldado Marco Prisco, foi informado da intenção dos grevistas em terminar o movimento e disse que apoiava a decisão.
Em coletiva logo após o anúncio do fim da greve, o secretário estadual de Comunicação, Robson Almeida, disse que a proposta do governo segue a mesma, com pagamento de 70% da Gratificação por Atividade Policial (GAP) de nível 4 em novembro deste ano e dos 30% restante em abril de 2013. A GAP 5 será paga entre 2014 e 2015. Os grevistas queriam que as gratificações fossem pagas entre este ano e o próximo.
"Sabemos que não é o ideal, mas é o real e concreto", disse o comandante. Segundo Castro, os policiais que participaram da greve até o meio-dia da última sexta-feira não serão punidos com processos administrativos por ausência do trabalha ou por deserção. Porém, aqueles que faltaram nos últimos dois dias da greve terão seus pontos cortados e responderão a processos. Sobre as prisões de líderes do movimento, reafirmou que é um assunto que compete à Justiça.
O comandante disse que agora a polícia corre contra o tempo para fazer o planejamento da operação para o carnaval. A Força Nacional e o Exército ainda não têm data para deixar o reforço do policiamento no estado.

Ocupação - Os policiais iniciaram uma paralisação parcial no dia 31 de janeiro, quando acamparam em frente ao prédio da Assembleia Legislativa. Na última segunda-feira, o Exército fez um cerco a um grupo de aproximadamente 300 PMs e familiares que ocupavam o prédio. A tensão durou quatro dias, até que os manifestantes decidiram deixar o local e Marco Prisco foi preso. Além dele, outras três lideranças do movimento foram detidas a pedido da Justiça da Bahia e do Ministério Público. Mais oito pessoas estão sendo procuradas.
Os grevistas decidiram deixar o prédio algumas horas após a divulgação na imprensa de gravações nas quais Marco Prisco articulava supostos atos de vandalismo e a invasão de um batalhão em Salvador. Segundo o advogado de Prisco, ele decidiu se entregar para evitar que o Exército invadisse o local.
Durante os dias de paralisação da PM, a Bahia sofreu uma onda de violência e o número de homicídios chegou a 157 em doze dias. Em 38 deles há suspeita de atuação de milícias. O comandante-geral disse que não se pode atribuir os crimes a policiais, mas que a greve acaba facilitando a atuação desses grupos.

Por Veja