PM começa a substituir o Exército no Alemão
Com
um programa de computador capaz de controlar, em tempo real, toda a
movimentação da tropa, para combater o tráfico e evitar desvios de
conduta de policiais, a
PM deu início na terça-feira ao processo para instalar as duas
primeiras Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Complexo do Alemão,
ocupado pelo Exército desde novembro de 2010. A ação contou com 750
homens, que substituíram os militares do Exército nas favelas de Nova
Brasília e da Fazendinha. As outras dez comunidades do complexo, onde o
Exército mantém 1.800 militares, serão ocupadas pela PM gradativamente,
como antecipou O GLOBO há dez dias. Segundo o secretário de Segurança,
José Mariano Beltrame, todo o processo de implantação das oito UPPs será
concluído em 27 junho.
Através do programa Center of Communication and Coordination (Ccoco), o comandante do Estado-Maior da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto, conseguia ver a movimentação de cem veículos e 50 equipes (cada uma com oito policiais) da corporação. O mesmo programa de monitoramento será utilizado na Rio+20 e aperfeiçoado, segundo o oficial, para a Copa das Confederações, em 2013. O monitoramento era feito dentro de um centro de controle instalado na sede da Força de Pacificação.
Cada um dos cem veículos tem um GPS e cada equipe conta com um rádio monitorado também via satélite. Essas informações são repassadas aos computadores do centro de controle. O programa permite mostrar a movimentação dos PMs num mapa.
Segundo o coronel Pinheiro Neto, o software já é usado nos veículos dos batalhões da Região Metropolitana. Ele informou ainda que estão sendo licitadas câmeras para serem instaladas dentro dos carros da PM.
Novas UPPs vão contar com 300 PMs
A operação, que incluiu a substituição de parte dos integrantes da Força de Pacificação por PMs, começou às 4h30m, quando três helicópteros da Polícia Militar sobrevoaram as favelas da Fazendinha e de Nova Brasília. Por volta das 7h, todos os militares do Exército que estavam nessas duas comunidades já haviam sido substituídos por PMs.
PMs do Bope e do Batalhão de Choque, com reforço do Grupamento Aeromarítimo, da Companhia de Cães e mais 300 policiais que farão parte das UPPs, começaram a vasculhar a região. Dois homens acusados de tráfico foram presos. Foram apreendidas 1.156 cápsulas de cocaína e 110 pedras de crack, além de 147 trouxinhas e 170 tabletes de maconha. Durante a ação, também foi recuperado um veículo roubado. E equipes do Detran apreenderam um carro e 18 motos com documentação irregular.
À tarde, PMs do Bope encontraram um campo de paintball no Morro do Adeus, que, segundo eles, provavelmente era usado por traficantes como área de treinamento. Localizado perto da estação do teleférico, o local tinha barricadas, pilhas de pneus e sacos de areia. Durante operação no Morro da Serrinha, em Madureira, semana passada, policiais também encontraram um campo de treinamento do tráfico.
As sedes das duas UPPs já estão sendo construídas ao lado das estações Palmeiras (Fazendinha) e Itararé (Nova Brasília) do teleférico. Enquanto não ficam prontas, as unidades funcionarão provisoriamente em contêineres. O major Edson Raimundo dos Santos, formado no Bope, comandará a UPP de Nova Brasília. O comandante da unidade da Fazendinha ainda será escolhido.
Assim que o processo de implantação das UPPs nos complexos do Alemão e da Penha for concluído, a base da Força de Pacificação, montada na antiga fábrica da Coca-Cola, na Avenida Itaoca, será transformada em sede do Comando de Polícia Pacificadora (CPP). Quando a sede do Bope for instalada na Maré, o CPP ocupará o atual quartel do batalhão, em Laranjeiras.
De acordo com o relações-públicas da PM, coronel Frederico Caldas, os 300 policiais que ocuparão as UPPs da Nova Brasília e da Fazendinha fizeram estágio em outras unidades. Ele informou ainda que equipes dos batalhões de área vão ocupar os morros da Baiana e do Adeus:
— A intenção é ocupar duas favelas do complexo por mês, até que o processo de pacificação seja concluído.
Segundo o comandante da PM, coronel Erir Costa Filho, a ação do Bope e do Batalhão de Choque para a implantação das UPPs no Complexo do Alemão começou na verdade no dia 22 deste mês. Foram realizadas operações em outras favelas dominadas por criminosos da mesma facção dos traficantes do Alemão. A intenção era prender bandidos que tivessem fugido do complexo. Até agora, 95 criminosos foram presos nessas ações. Ontem, por exemplo, um traficante que fugiu da região foi capturado no Morro do Palácio, em Niterói. Ele estava com uma pistola, uma submetralhadora e maconha.
O governador Sérgio Cabral afirmou que o Alemão e a Rocinha vivem um momento de transição. Segundo ele, nas duas áreas ainda existem pessoas ligadas ao tráfico que tentam minar as ações de pacificação:
— É importante dizer que, tanto no Alemão, como na Penha e na Rocinha, estamos numa grande fase de transição. É evidente que existem as "viúvas" do tráfico, aquelas pessoas, de dentro ou de fora das comunidades, que ficam tentando minar o trabalho da política de segurança do governo, porque isso quebra uma série de lógicas que permaneceram nos últimos 30 anos. Nunca tivemos a ilusão de que as comunidades fossem se transformar em lugares absolutamente tranquilos e pacíficos, sem nenhum problema, após um ano e três, quatro meses do processo de retomada. Mas vamos continuar nessa luta. O trabalho é extenuante, mas a população do Rio merece.
O secretário José Mariano Beltrame disse ontem, ao visitar a base da Força de Pacificação, que já era prevista a reação do tráfico à ocupação do Alemão:
— Estamos lidando com homens que estavam instalados há décadas na região e estão tendo seus interesses contrariados. Claro que haverá reação, mas é preciso trazer paz e garantir o direito de ir e vir dos cidadãos.
Em 2010, a retomada
A operação de ontem no Alemão marca o início de uma nova fase da pacificação do complexo, onde vivem 69 mil pessoas. A tomada da comunidade — que por 30 anos foi considerada um dos mais violentos redutos do tráfico — aconteceu após uma série de ataques criminosos na cidade. Com o apoio de tanques da Marinha, policiais e militares do Exército entraram na Vila Cruzeiro no dia 25 de novembro de 2010. Acuados, cerca de cem bandidos fugiram pelo alto do complexo para a Favela da Grota, numa das cenas mais marcantes da retomada. Quando todo o complexo foi dominado, o governo estadual assinou um convênio para que o Exército mantivesse a ocupação até o estado formar PMs para as UPPs.
Através do programa Center of Communication and Coordination (Ccoco), o comandante do Estado-Maior da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto, conseguia ver a movimentação de cem veículos e 50 equipes (cada uma com oito policiais) da corporação. O mesmo programa de monitoramento será utilizado na Rio+20 e aperfeiçoado, segundo o oficial, para a Copa das Confederações, em 2013. O monitoramento era feito dentro de um centro de controle instalado na sede da Força de Pacificação.
Cada um dos cem veículos tem um GPS e cada equipe conta com um rádio monitorado também via satélite. Essas informações são repassadas aos computadores do centro de controle. O programa permite mostrar a movimentação dos PMs num mapa.
Segundo o coronel Pinheiro Neto, o software já é usado nos veículos dos batalhões da Região Metropolitana. Ele informou ainda que estão sendo licitadas câmeras para serem instaladas dentro dos carros da PM.
Novas UPPs vão contar com 300 PMs
A operação, que incluiu a substituição de parte dos integrantes da Força de Pacificação por PMs, começou às 4h30m, quando três helicópteros da Polícia Militar sobrevoaram as favelas da Fazendinha e de Nova Brasília. Por volta das 7h, todos os militares do Exército que estavam nessas duas comunidades já haviam sido substituídos por PMs.
PMs do Bope e do Batalhão de Choque, com reforço do Grupamento Aeromarítimo, da Companhia de Cães e mais 300 policiais que farão parte das UPPs, começaram a vasculhar a região. Dois homens acusados de tráfico foram presos. Foram apreendidas 1.156 cápsulas de cocaína e 110 pedras de crack, além de 147 trouxinhas e 170 tabletes de maconha. Durante a ação, também foi recuperado um veículo roubado. E equipes do Detran apreenderam um carro e 18 motos com documentação irregular.
À tarde, PMs do Bope encontraram um campo de paintball no Morro do Adeus, que, segundo eles, provavelmente era usado por traficantes como área de treinamento. Localizado perto da estação do teleférico, o local tinha barricadas, pilhas de pneus e sacos de areia. Durante operação no Morro da Serrinha, em Madureira, semana passada, policiais também encontraram um campo de treinamento do tráfico.
As sedes das duas UPPs já estão sendo construídas ao lado das estações Palmeiras (Fazendinha) e Itararé (Nova Brasília) do teleférico. Enquanto não ficam prontas, as unidades funcionarão provisoriamente em contêineres. O major Edson Raimundo dos Santos, formado no Bope, comandará a UPP de Nova Brasília. O comandante da unidade da Fazendinha ainda será escolhido.
Assim que o processo de implantação das UPPs nos complexos do Alemão e da Penha for concluído, a base da Força de Pacificação, montada na antiga fábrica da Coca-Cola, na Avenida Itaoca, será transformada em sede do Comando de Polícia Pacificadora (CPP). Quando a sede do Bope for instalada na Maré, o CPP ocupará o atual quartel do batalhão, em Laranjeiras.
De acordo com o relações-públicas da PM, coronel Frederico Caldas, os 300 policiais que ocuparão as UPPs da Nova Brasília e da Fazendinha fizeram estágio em outras unidades. Ele informou ainda que equipes dos batalhões de área vão ocupar os morros da Baiana e do Adeus:
— A intenção é ocupar duas favelas do complexo por mês, até que o processo de pacificação seja concluído.
Segundo o comandante da PM, coronel Erir Costa Filho, a ação do Bope e do Batalhão de Choque para a implantação das UPPs no Complexo do Alemão começou na verdade no dia 22 deste mês. Foram realizadas operações em outras favelas dominadas por criminosos da mesma facção dos traficantes do Alemão. A intenção era prender bandidos que tivessem fugido do complexo. Até agora, 95 criminosos foram presos nessas ações. Ontem, por exemplo, um traficante que fugiu da região foi capturado no Morro do Palácio, em Niterói. Ele estava com uma pistola, uma submetralhadora e maconha.
O governador Sérgio Cabral afirmou que o Alemão e a Rocinha vivem um momento de transição. Segundo ele, nas duas áreas ainda existem pessoas ligadas ao tráfico que tentam minar as ações de pacificação:
— É importante dizer que, tanto no Alemão, como na Penha e na Rocinha, estamos numa grande fase de transição. É evidente que existem as "viúvas" do tráfico, aquelas pessoas, de dentro ou de fora das comunidades, que ficam tentando minar o trabalho da política de segurança do governo, porque isso quebra uma série de lógicas que permaneceram nos últimos 30 anos. Nunca tivemos a ilusão de que as comunidades fossem se transformar em lugares absolutamente tranquilos e pacíficos, sem nenhum problema, após um ano e três, quatro meses do processo de retomada. Mas vamos continuar nessa luta. O trabalho é extenuante, mas a população do Rio merece.
O secretário José Mariano Beltrame disse ontem, ao visitar a base da Força de Pacificação, que já era prevista a reação do tráfico à ocupação do Alemão:
— Estamos lidando com homens que estavam instalados há décadas na região e estão tendo seus interesses contrariados. Claro que haverá reação, mas é preciso trazer paz e garantir o direito de ir e vir dos cidadãos.
Em 2010, a retomada
A operação de ontem no Alemão marca o início de uma nova fase da pacificação do complexo, onde vivem 69 mil pessoas. A tomada da comunidade — que por 30 anos foi considerada um dos mais violentos redutos do tráfico — aconteceu após uma série de ataques criminosos na cidade. Com o apoio de tanques da Marinha, policiais e militares do Exército entraram na Vila Cruzeiro no dia 25 de novembro de 2010. Acuados, cerca de cem bandidos fugiram pelo alto do complexo para a Favela da Grota, numa das cenas mais marcantes da retomada. Quando todo o complexo foi dominado, o governo estadual assinou um convênio para que o Exército mantivesse a ocupação até o estado formar PMs para as UPPs.