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Caso Demóstenes paralisa a oposição, diz líder do PSDB

As suspeitas envolvendo o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) têm paralisado o trabalho da oposição no Congresso. O grupo, que já é minoritário, agora precisa lidar com o peso das suspeitas sobre o senador, uma de suas principais lideranças. Na avaliação do líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), o caso tem prejudicado o trabalho da oposição, principalmente, pelo “constrangimento” que tomou conta da bancada.
“A oposição já estava limitada numericamente com todas as dificuldades possíveis e imagináveis, reconhecidas por alguns e não por outros, 'esculhambada' por alguns. É evidente que um caso como esse paralisa. Há uma interlocução que precisa ser feita com o DEM, mesmo que o partido já esteja muito limitado no Senado, apenas com quatro senadores. Mas há também a interlocução com quem está na Câmara, em número maior. Esse caso é ruim para a oposição, principalmente pelo constrangimento”, disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), em entrevista à Agência Brasil.
Demóstenes Torres é suspeito de ligações estreitas com o empresário Carlinhos Cachoeira, investigado pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. Gravações feitas pela Polícia Federal registraram solicitação de dinheiro a Cachoeira, feitas pelo senador e informações privilegiadas repassados por Demóstenes para o controlador do jogo ilegal em Goiás.
Dias reclamou que a demora na escolha de um presidente para o Conselho de Ética do Senado, responsável pela decisão de dar andamento à representação apresentada pelo PSOL contra Demóstenes, por quebra de decoro parlamentar, tem servido para aumentar ainda mais o constrangimento no Senado.
“O que eu defendo é agilização. Acho que já erraram marcando uma reunião, não para esta semana, mas para a outra, para reunir o Conselho de Ética e eleger o presidente. Com isso, já se perde uma semana, quando, a meu ver, o correto seria apressar tudo para encerrar isso”, reclamou o senador tucano. “É uma agenda negativa para o Senado que deve ser encerrada o quanto antes possível”.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), convocou a reunião do conselho para o dia 10, na terça-feira após o feriado da Semana Santa. O objetivo da reunião é eleger um presidente para o órgão. O titular do cargo, senador João Alberto de Souza (MA), se licenciou do Senado no final do ano passado para assumir um cargo no governo do Maranhão e o senador Jayme Campos (DEM-MT) está no cargo de forma interina.
De acordo com o regimento do Senado, a decisão de acatar o pedido do PSOL é tomada de forma monocrática pela presidência do Conselho de Ética, que prevê ainda recurso assinado por cinco membros do conselho. “Se eventualmente ele não acolher [o presidente do Conselho de Ética], aí, com a assinatura de cinco membros, o Conselho é o obrigado a instaurar o processo”, explicou Álvaro Dias.
“O assunto é tão sério que tinha que fazer a reunião na terça-feira, desta semana, e já designar o relator. Na outra terça-feira, se fosse o caso, ouvir o senador Demóstenes apresentando sua defesa prévia”, reclamou Álvaro Dias.
Ao longo da semana, as suspeitas contra Demóstenes se avolumaram, na medida em que novas gravações são divulgadas pela imprensa. De acordo com antigos interlocutores do senador ele tem preferido se isolar à buscar apoio.
“A última manifestação dele foi a carta na qual disse que, assim que tivesse acesso ao teor do inquérito, apresentaria as explicações. Depois disso ele não nos procurou mais. Não se manifestou mais. Tenho a impressão de que ele se isolou”, disse Álvaro Dias.
Já o líder do DEM na Câmara dos Deputados, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), disse que Demóstenes não mantém contato com nenhum colega do partido desde a última quinta-feira (29). “Não nos falamos desde de quinta-feira. Mas de lá para cá surgiram fatos novos. Tudo que ele nos falou antes não tem mais atualidade. A iniciativa de nos procurar tem que partir dele”.
Demóstenes tem até segunda-feira à noite para apresentar explicações ao DEM. Na avaliação do deputado baiano, a situação de Demóstenes está “complicada" e "difícil” de ser revertida. “Ele (Demóstenes Torres) pediu um prazo para apresentar explicações contundentes e nós demos. Mas consideramos muito difícil reverter esse quadro em função das denúncias recentes”.

Por Agência Brasil