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CPI poupa políticos e Delta, e senadores falam em pizza

Num jogo combinado entre o governo e parte da oposição, a CPI do Cachoeira engavetou ontem pedidos de investigação de três governadores, cinco deputados e das operações da empreiteira Delta fora do Centro-Oeste.
Criada há um mês para investigar o bicheiro Carlinhos Cachoeira e seu relacionamento com autoridades como o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), a CPI até agora não ouviu nenhum dos políticos envolvidos no caso.
A CPI aprovou ontem 87 requerimentos, dos quais apenas um busca informações sobre a ligação entre Demóstenes e Cachoeira.
"Não sei por que saio da reunião de hoje com gosto de orégano na boca", afirmou ontem o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
O acordo que engavetou os pedidos de investigação foi costurado com a participação do governo. A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, tem orientado o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG).
A ordem foi poupar a Delta, que tem dezenas de contratos com o governo federal e os Estados, em troca da não convocação do governador Marconi Perillo (PSDB-GO).
A comissão decidiu restringir a investigação sobre a Delta à sua atuação no Centro-Oeste, onde o diretor da empresa era ligado a Cachoeira. O dono da construtora, Fernando Cavendish, não será chamado para depor. Ele é amigo do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB-RJ), aliado do governo. A construtora tem contratos com o Estado.
Com isso, os trabalhos da CPI deverão ficar limitados ao material que já foi levantado pela Polícia Federal.
A CPI quebrou os sigilos fiscal e bancário da Delta apenas no Centro-Oeste, de empresas de Cachoeira e de seus operadores. Vários deles já tiveram a movimentação finalizada pela PF.
Foram engavetados requerimentos que pediam a convocação de Cabral e dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Cachoeira tinha pessoas de sua confiança nos dois governos, segundo a PF.

Por Folha