|

Planalto nega interferência em negociação da Delta

O governo negou nesta sexta-feira (11) que tenha interferido nas negociações sobre a mudança do controle da Delta Construção.
Em nota oficial divulgada pelo Planalto, o governo diz que "são falsas [...] as ilações de que a referida operação teve aval do governo".
A holding J&F, controladora de empresas como o frigorífico JBS e a Vigor, confirmou nesta semana o acordo para assumir a gestão da Delta Construções.
A empreiteira teve seu nome ligado ao escândalo envolvendo o empresário de jogos ilegais Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro por uma operação da Polícia Federal.
Em entrevista à Folha, o empresário José Batista Júnior, um dos controladores do frigorífico JBS, disse que o governo foi consultado e deu aval à decisão de sua família de comprar a construtora Delta para impedir a paralisia de suas obras. O empresário chamou de "conversa de bêbado, de louco" a versão de que a holding teria negociado a compra sem consentimento do governo Dilma Rousseff.
A nota divulgada pelo Planalto diz ainda que há um processo na CGU (Controladoria Geral da União) de decretação de inidoneidade da Delta.
Caso a CGU conclua pela condenação da empreiteira, a Delta estará "impedida de ser contratada pela administração pública nos termos da Lei 8.666 de 1993, com consquências econômicas presentes e futuras".
 
NOVO PRESIDENTE

A J&F definiu, nesta sexta-feira, o novo presidente da empreiteira Delta. O cargo será ocupado por Humberto Farias, ex-presidente da usina de álcool e açúcar Renuka.
No comunicado, grupo informou que o acordo, que passa a vigorar a partir da semana que vem, foi assinado na segunda-feira (7) e que a empreiteira passará por um rígido processo "de auditoria" nos próximos meses. Somente após os resultados desta diligência será ou não exercida uma opção de compra.
 
INVESTIGAÇÃO
 
O acordo entre a Delta e a holding J&F será alvo de investigação da Procuradoria da República do Rio de Janeiro.
O pedido de abertura de inquérito civil foi requerido na quarta-feira (9) pelo procurador-chefe substituto da República da 2ª Região, Nívio de Freitas Silva Filho. O objetivo é apurar possíveis irregularidades no negócio, considerando a Delta alvo de denúncias de fraude, corrupção e superfaturamento, e a JBS uma empresa com 31,4% de participação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Por Folha