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Líbios votam em liberdade, mas eleições têm incidentes

A Líbia viveu um dia histórico neste sábado (7). A população foi às urnas pela primeira vez em liberdade para escolher o Conselho Nacional Geral (CNG), o principal órgão legislativo, que substituirá o Conselho Nacional de Transição (CNT). O CNT dirigiu o país desde pouco depois da explosão, em fevereiro de 2011, da revolta popular armada que pôs fim ao regime do ditador Muammar Kadhafi. 
Durante o dia, foram registrados incidentes que dificultaram a votação em alguns centros eleitorais do país, especialmente na região oriental. Os resultados do pleito ainda não foram divulgados.
Em entrevista coletiva uma hora antes do fechamento das urnas, que ocorreu às 20h locais (15h de Brasília), o presidente da Comissão Suprema Eleitoral, Nouri al-Abbar, anunciou que 1,2 milhão de líbios, dos 2,8 milhões registrados no censo eleitoral, votaram às 16h locais (11h de Brasília), o que significava uma participação superior a 42%.
Abar acrescentou que, apesar dos incidentes de segurança e dos problemas técnicos que obrigaram o adiamento da abertura de alguns centros de votação e do fechamento de outros, 98% dos colégios eleitorais puderam funcionar.
O vice-ministro do Interior, Omar Khadraoui, declarou que os policiais tinham se abstido de usar a força, apesar das agressões registradas em vários colégios eleitorais, como em Ajdabiya e Briga, no leste do país, onde cédulas de votação foram queimadas e roubadas, o que obrigou o fechamento temporário das circunscrições.
Khadraoui explicou que a ordem foi restabelecida em Ajdabiya "após uma tensa manhã". Informou também que uma pessoa morreu e duas ficaram feridas em uma briga entre os agentes que vigiavam um colégio eleitoral e jovens armados.
A segurança eleitoral, num país onde muitas milícias ainda impõem sua própria lei e não há um controle efetivo sobre a presença de armas, transformou-se em uma das principais preocupações das autoridades, especialmente após os repetidos ataques dos últimos dias contra colégios eleitorais e prédios locais da Comissão Suprema Eleitoral.
Para tentar garantir a ordem, as autoridades decretaram estado de alerta e desdobraram 3 mil soldados e 40 mil agentes de segurança, que em alguns lugares trabalharam em coordenação com as milícias para zelar pela segurança.
A nova assembleia será composta por 200 cadeiras, 120 reservadas a candidatos independentes e 80 a partidos políticos.

Por Época