Secretário da Fifa agenda volta ao Brasil pela primeira vez após 'chute no traseiro'
O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, estará em Brasília no próximo
11 de abril para audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e
Esporte do Senado, em Brasília. Será a primeira vez que ele visita o
país após o mal-estar criado pela polêmica frase de que o Brasil merecia
"um chute no traseiro" pelo atraso nas obras para a Copa-2014.
Valcke vem no lugar do presidente Joseph Blatter, que foi convidado pelo
Senado, mas que indicou o secretário como substituto. Ele dividirá a
mesa com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, um dos que mais criticaram a
entrevista dele para a imprensa francesa, no início de março deste ano.
Também devem participar da sessão outros dirigentes da Fifa e do
futebol nacional, mas os nomes não foram confirmados.
Depois do incidente, a Fifa chegou a suspender uma visita que Valcke
faria ao Brasil. Em seu lugar veio Blatter, que conseguiu se reunir com a
presidente Dilma Rousseff e pediu publicamente desculpas pelo caso, em
nota oficial. O secretário-geral é o cargo mais importante abaixo do
presidente na Fifa e historicamente é o representante da entidade nas
organizações dos Mundiais.
Valcke, porém, terá outro questão política para resolver.
COBRANÇAS
Na última sexta-feira, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior,
reagiu às críticas do presidente da Fifa, que afirmou mais cedo que o
país precisa de mais atos e menos palavras.
Belchior disse preferir a forma como o COI (Comitê Olímpico
Internacional) conversa com o Brasil e indicou que a Fifa é que está
usando palavras de mais.
"Eu acho que o Brasil está fazendo o que deve fazer. Eu gosto mais da
maneira como o COI [Comitê Olímpico Internacional] lida com o Brasil em
relação às Olimpíadas. Vem aqui, discute conosco o andamento, os
problemas, as boas situações e trabalha para resolver os problemas, e
também não fica usando palavras demais", afirmou.
Mais cedo, ainda em Zurique, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, se
mostrou irritado e cobrou publicamente mais atitude do Brasil.
Quando esteve no país, ainda este mês, o dirigente havia amenizado o tom
depois de conseguir se reunir com a presidente Dilma Rousseff.
"Convidamos o Brasil a continuar o desenvolvimento do que eles começaram
[Copa]. Pelo menos votaram a lei [Geral da Copa] no Congresso. A bola
está no campo deles agora para jogar. Queremos atos e não mais só
palavras", afirmou o dirigente.
A resposta foi após uma pergunta ao secretário-geral Jérôme Valcke sobre
suas declarações de que o país deveria levar "um chute no traseiro"
para acelerar as obras. Blatter não permitiu que ele respondesse.
Ele afirmou que Valcke já pediu desculpas pela declaração e entende que
este caso está encerrado com as autoridades brasileiras. Valcke foi
confirmado ainda como o encarregado da Fifa para o Mundial.
Por Folha