Lula diz que conteúdo vazado por WikiLeaks é insignificante
Telegramas da diplomacia dos EUA apontam corrupção nos oito anos do governo brasileiro e intrigas entre autoridades do país

Em um telegrama secreto revelado pela organização WikiLeaks, o embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel, teria dito que o presidente Lula concluirá seus oito anos de governo em uma gestão marcada pela corrupção entre seus "mais próximos aliados", com uma "praga" de compra de votos no PT e sem ter dado uma resposta ao crime no Brasil.
Jobim - Lula minimizou também a informação de que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, segundo a organização, teria dito ao embaixador que o ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, odeia os Estados Unidos. "Eu tenho certeza do comportamento do Jobim e tenho certeza do comportamento do Samuel. Eles são amigos e um não falaria mal do outro", afirmou Lula.
O Ministério da Defesa já havia divulgado uma nota, nesta terça, informando que Jobim ligou para Guimarães para negar as afirmações atribuídas a ele no telegrama. O ministro da Defesa esclareceu que conversou sobre o colega com o embaixador, mas negou a afirmação do relatório e disse que o tratou com respeito. O ministro classificou ainda Guimarães como “um nacionalista, um homem que ama profundamente o Brasil”.
O caso - Os telegramas sobre o Brasil estão entre os 250.000 documentos que envolvem troca de mensagens entre embaixadas e outros canais diplomáticos americanos aos quais o site WikiLeaks teve acesso e que começou a vazar no domingo. "A principal preocupação popular - crime e segurança pública - não melhorou durante sua administração de Lula", dizia o telegrama que circulou entre a embaixada americana em Brasília e o Departamento de Estado norte-americano.
O relatório cita também outros escândalos do atual governo, como crises políticas, compra de votos e tráfico de influência que “se transformaram em pragas para elementos do PT”.
Outras dados - Informações do WikiLeaks divulgadas, na última segunda-feira, já haviam revelado dados constrangedores sobre o Brasil. Entre eles, a informação de que autoridades do país prenderam "vários indivíduos engajados em supostas atividades de financiamento do terrorismo no país", mas basearam sua detenção em acusações diferentes para "não chamar a atenção da mídia e dos altos representantes governamentais".
Os documentos secretos comprovam ainda a preocupação dos EUA e da comunidade internacional sobre a relação entre o Brasil e o Irã. Os dois países assinaram, junto com a Turquia, um acordo para que o a República Islâmica trocasse urânio pouco enriquecido por combustível para reatores de pesquisa. O pacto foi rejeitado pela comunidade internacional e, pouco depois, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou um novo pacote de sanções contra Teerã. O Brasil e a Turquia votaram contra.
O mais recente vazamento do WikiLeaks revela o que a diplomacia americana pensa sobre vários países e líderes mundiais, colocando os EUA numa situação constrangedora.
Por Veja