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Cristina obtém vitória histórica na Argentina

A presidente argentina, Cristina Kirchner, foi reeleita neste domingo por ampla maioria na mais expressiva votação já recebida por um líder político após a redemocratização do país, em 1983. Com 49,80% das mesas eleitorais apuradas, a presidente argentina Cristina Kirchner aparece com 53,1% dos votos, 36 pontos percentuais à frente do segundo colocado, o governador da província de Santa Fé e candidato da Frente Ampla Progressista (FAP), Hermes Binner, com 17,1%. A vitória a torna a primeira mulher reeleita na América Latina. O deputado e candidato da União para o Desenvolvimento Social (UDESO), Ricardo Alfonsín, teve 12,2% dos votos, seguido pelo governador da província de San Luis e candidato do Compromisso Federal, Alberto Rodríguez Saá, com 7,52%. O ex-presidente e candidato da Frente Popular, Eduardo Duhalde, ficou em quinto com 5,7%.
- Agradeço a ligação solidária da companheira Dilma Rousseff, do presidente Hugo Chávez, de Pepe Mujica, de Sebastián Piñera, do querido companheiro colombiano (Juan Manuel) Santos e do resto dos companheiros que certamente vão ligar, como Evo (Morales) e Rafael (Correa). Trabalhamos todos juntos por esta região - disse Cristina na noite deste domingo no hotel sede da campanha, em Buenos Aires - Tive a honra de ser a primeira mulher eleita e agora também reeleita, o que mais posso querer.
Segundo dados oficiais, mais de 70% dos 28,9 milhões de eleitores votaram.
Pesquisas de boca de urna indicam que a mandatária terá entre 54% e 55% dos votos nas eleições deste domingo. Cristina conseguiria assim o maior percentual de votos obtido por um presidente argentino desde o retorno da democracia em 1983, quando Raúl Alfonsín obteve 52%.
No discurso, Cristina também se referiu ao seu marido Néstor Kirchner, morto em outubro do ano passado:
- Quero agradecer a alguém que já não pode me ligar, mas é o grande fundador da vitória desta noite. Sem ele, sem sua valentia e coragem, porque agora quando tudo mudou, quando o mundo está de pernas para o ar, é fácil. Mas quando ele dizia essas coisas era uma voz solitária, condenada, criticada e sem ele e sem as coisas às que ele se atreveu teria sido impossível chegar até aqui.
Mais cedo, a presidente votou em Río Gallegos, capital da província de Santa Cruz, terra natal de Nestor. A governante admitiu, com uma voz embargada, que "emocionalmente é um momento particular":
- Eu sou a esposa de um homem que marcou a vida política da Argentina - disse ela, referindo-se ao ex-presidente Kirchner. - Eu sei que, onde ele estiver, deve estar muito feliz com tudo o que aconteceu.
A presidente chegou à escola para votar pouco antes do meio-dia, vestindo um longo casaco e roupas pretas, cor que se tornou uma constante em seu guarda-roupa desde que se tornou viúva.
Dezenas de pessoas foram levadas até Cristina para tirar fotos, dar beijos e entregar cartas. Pacientemente, ela cumprimentou a todos e se retirou quase uma hora depois de sua chegada. Cristina foi almoçar com seus dois filhos e depois voou para Buenos Aires para aguardar os resultados em um hotel no Centro.
Nas eleições deste domingo também estão em jogo o controle do Congresso e a eleição de dez governadores, de um total de 24 províncias. Em seis distritos, entre eles a província de Buenos Aires (onde vivem 40% dos eleitores do país) e Santa Cruz, terra natal do ex-presidente Kirchner, os atuais governadores kirchneristas são favoritos e buscarão sua reeleição. No caso de San Juan, o peronista José Luis Gioja provavelmente conquistará seu terceiro mandato consecutivo, após aprovar uma polêmica reforma constitucional. Entre janeiro e setembro, outras 12 províncias elegeram suas autoridades. Em oito delas venceram candidatos da FPV e sócios políticos da Casa Rosada.
O voto é obrigatório na Argentina, onde cerca de 29 milhões de pessoas devem comparecer às urnas.

Por O Globo