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ONU diz que 'é hora de agir' para frear massacre na Líbia

NOVA YORK - O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu que o Conselho de Segurança aja rápido na proposição de um pacote de sanções contra a Líbia. "Já é hora de o Conselho considerar uma ação concreta. As próximas horas e os próximos dias serão decisivos para os líbios", disse. 
O Conselho de Segurança se reuniu em caráter de urgência nesta sexta-feira, 25, para discutir a situação no país africano, onde houve uma onda de violência nos últimos dias devido aos protestos pelo fim do regime do ditador Muamar Kadafi. O coronel, que está há 41 anos no poder, tem usado métodos brutais de repressão, como bombardeios e mercenários.
Ban, que havia se pronunciado várias vezes contra a violência na Líbia, novamente pediu o fim das ações do governo. "A violência deve parar. Os responsáveis que estão derramando o sangue de inocentes devem ser punidos. Por isso peço que o Conselho de Segurança tome ações", disse o secretário.
As medidas, segundo Ban, podem incluir restrições a viagens e o congelamento de bens e ativos dos envolvidos nos massacres e sanções econômicas. O Conselho já tem um rascunho da resolução e deve votá-la no sábado. Não há menções sobre ações miltiares. O Brasil é o atual ocupante da presidência rotativa do Conselho de Segurança.
Na segunda-feira, Ban encontrará o presidente dos EUA, Barack Obama, para discutir a situação no país africano. Washington já anunciou sanções contra a Líbia e a suspensão das atividades de sua embaixada em Trípoli. "A crise na Líbia chegou a um momento crucial. A comunidade internacional deve se unir e agir", disse o chefe da ONU.

Direitos Humanos

O objetivo das medidas recomendadas por Ban é coibir a violência que tomou conta da Líbia nos últimos dias. O secretário afirmou que foram recebidos relatos de "violações de direitos humanos sistemáticas e brutais". Segundo testemunhas, Kadafi ordenou ataques aéreos contra os manifestantes. Além disso, mercenários disparam contra a população indiscriminadamente.
Com a falta de segurança - situação que deve piorar, segundo Ban - milhares de pessoas estão deixando a Líbia. De acordo com o secretário, "22 mil fugiram para a Tunísia, 15 mil para o Egito e ainda há outros". Ele pediu que os países vizinhos, principalmente os europeus, mantenham suas fronteiras abertas e que agência humanitárias recebam os refugiados.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU também se pronunciou nesta sexta e emitiu uma resolução condenando as ações do governo líbio, ordenando uma investigação sobre possíveis crimes cometidos durante os ataques e pedindo a suspensão do mandato da Líbia como membro do próprio órgão. A União Europeia também prometeu sanções e deve votá-las na semana que vem.

Por Estadão