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Testemunhas relatam 'massacre' na capital da Líbia

A repressão aos protestos na Líbia se intensificaram nessa segunda-feira, com a decisão do ditador líbio, Muamar Kadafi, de utilizar aviões de guerra contra manifestantes. Moradores da capital Trípoli afirmaram por telefone à agência AFP que houve um "massacre" nos distritos de Tajura e Fashlum, com tiros indiscriminados que mataram inclusive mulheres. Até a noite de ontem, o total de mortos chegava a 233. Só hoje, mais 160 morreram, de acordo com a rede de TV Al Jazeera. A censura à mídia estrangeira dificulta a confirmação das informações.
Com o aumento da repressão, dois coronéis da Força Aérea Líbia desertaram após se negaram a bombardear os manifestantes. Eles fugiram para Malta, no Mediterrâneo, onde um deles pediu asilo político. 
Os dois jatos Mirage aterrissaram no Aeroporto Internacional de Malta nesta tarde, junto de um helicóptero civil que carregava sete cidadãos franceses. De acordo com fontes militares maltesas, um dos coronéis comunicou durante o voo de Trípoli a Valeta que pediria asilo. Os caças voaram fora do espaço aéreo líbio para evitar serem detectados. 
A partir daí, a Itália decidiu decretar alerta máximo em todas as suas bases aéreas. "Em todas as bases aéreas italianas o nível de alerta é máximo por conta da crise" na Líbia, indicaram fontes parlamentares e do Ministério da Defesa italiano à imprensa local. A Itália decidiu enviar ao sul da península "um elevado número" de helicópteros da aeronáutica e da marinha militar. Os helicópteros não tinham autorização para sair da Líbia. Assim como Malta, a Itália está geograficamente perto da Líbia.
O temor com a situação da Líbia levou o preço do barril de petróleo tipo Brent - negociado em Londres - a 108 dólares hoje. Trata-se do patamar mais alto desde 2008. Investidores estão preocupados com a crescente violência na Líbia, que pode interromper o fornecimento do produto pelo país, que é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Preocupação - Os países europeus se organizam para trazer de volta seus cidadãos na Líbia. "Estamos extremamente preocupados, coordenamos a evacuação eventual de cidadãos da União Europeia na Líbia, em particular de Benghazi", o centro da revolta, declarou nesta segunda-feira a ministra espanhola das Relações Exteriores, Trinidad Jimenez, paralelamente a uma reunião com representantes europeus em Bruxelas.
A Espanha recomendou à noite a seus cidadãos deixar o país e, aos que ficarem, evitar qualquer deslocamento. A partir de agora, a quase totalidade das 27 nações da UE desaconselham viagens à Líbia.
Vários países - Itália, Áustria, Portugal - anunciaram planos de retirada, com o envio de aviões militares para repatriá-los. A Sérvia e a Croácia preparam também a evacuação, como fazem as empresas estrangeiras presentes na Líbia com seus empregados, em particular as companhias do setor de petróleo.
A chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, pediu o "fim do banho de sangue inaceitável", e se disse "alarmada"com a situação naquele país. "O mundo observa alarmado a situação na Líbia", e os Estados Unidos "unem-se à comunidade internacional para condenar firmemente a violência" nesse país, disse a secretária de Estado em um comunicado.
"O governo líbio tem a responsabilidade de respeitar os direitos universais do povo (...), é hora de acabar com esse banho de sangue inaceitável", completou. A administração Obama, disse Hillary, "trabalha intensamente com seus parceiros no mundo para fazer essa mensagem chegar ao governo líbio".

Por Veja