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Otan prepara comando na Líbia; Obama fala aos EUA na segunda

Com a expectativa de assumir o comando das operações dos aliados na Líbia já na segunda-feira, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) nomeou nesta sexta-feira o general canadense Charles Bouchard como o chefe das ofensivas aéreas navais no país. Nos EUA, o presidente Barack Obama deve relatar aos americanos o andamento da missão num pronunciamento também na segunda.
As operações aéreas manterão o objetivo de reforçar a zona de exclusão aérea sobre a Líbia, enquanto as posições navais terão como finalidade fazer respeitar o embargo às vendas de armas ao regime do ditador Muammar Gaddafi aprovado pelas Nações Unidas.
Detalhes da transferência de comando dos EUA ainda serão definidos no domingo, entre eles a abrangência dos ataques aéreos sobre o país, e quem irá executá-los, mas a cúpula da aliança militar quer garantir que não haja problemas na transição.
A chefia das operações estará sediada num dos mais sofisticados centros de comando da Otan, numa base em Nápoles, na Itália.
A porta-voz da aliança, Oana Lungescu, disse nesta sexta-feira que a operação já foi aprovada por três meses, mas pode ser extendida.
 
OBAMA FALARÁ AOS EUA
 
Também na segunda-feira espera-se que o presidente Barack Obama faça um curto pronunciamento ao povo americano, quando deve anunciar a transferência de comando das operações na Líbia dos EUA à Otan, além de detalhar a situação atual no país, informou a Casa Branca. O discurso será realizado às 20h30 de Brasília, na Universidade Nacional de Defesa, em Washington.
Obama "atualizará os americanos sobre a situação na Líbia, incluindo as ações tomadas com os aliados e parceiros para proteger a população líbia da brutalidade de Muammar Gaddafi", disse a Casa Branca.
Embora a ação seja criticada pelo governo, mesmo após passar o comando para a Otan, os EUA devem aumentar sua presença nas operações. Nesta sexta-feira, o almirante da Marinha americana William Gortney disse que o Pentágono estuda enviar aeronaves mais adequadas para atingir alvos do regime em terra, em cidades como Misrata.
Obama falou nesta tarde com líderes do Congresso para explicar o alcance das operações militares do país na Líbia.
Vários deles criticaram o que consideram como escassez de consultas da Casa Branca com o Legislativo sobre os ataques militares dos EUA e de seus aliados na Líbia, que começaram no sábado passado.
 
MAIS DE CEM MORTOS
 
Mais cedo, o regime do ditador Muammar Gaddafi divulgou um balanço inicial de mortos apontando que ao menos 114 pessoas morreram e 445 ficaram feridas de domingo (20) a quarta-feira (23) nos bombardeios da coalizão internacional sobre o país.
Os dados foram revelados por uma autoridade do ministério da Saúde líbio, sem especificar quantas das vítimas eram civis.
"De 20 a 23 de março, 114 pessoas morreram e 445 ficaram feridas nos bombardeios da coalizão", declarou Khaled Omar durante uma entrevista coletiva à imprensa.
Questionado sobre as vítimas civis, ele declarou que "não é da incumbência [de seu ministério] fazer uma distinção entre vítimas civis ou militares".
Segundo Omar, 104 pessoas morreram em Trípoli e imediações, e outras dez em Sirte, cidade natal do ditador Muammar Gadhdfi, que fica mais de 600 quilômetros a leste da capital.
 
QATAR
 
Aviões do Qatar protagonizaram nesta sexta-feira as primeiras missões no espaço aéreo líbio, em conjunto com aeronaves francesas, informou o Ministério de Defesa da França.
"Trata-se da primeira contribuição aérea de um país da Liga Árabe como parte das operações multinacionais na Líbia", disse o ministério em nota oficial.
Dois caças Mirage 2000-5 participaram em conjunto com outros dois franceses de uma "missão de proibição" do espaço aéreo, acrescentou.
Os aviões decolaram da base aérea grega de Sue, na ilha de Creta, para onde "em breve" chegarão novos aviões catarianos, assinalou o Ministério da Defesa francês.
Segundo fontes francesas, o Qatar deve destinar seis aviões às operações na Líbia. Em sua primeira missão, as aeronaves catarianas não efetuaram disparos e estavam equipadas apenas com armas de defesa antiaérea.
 
NEGOCIAÇÕES
 
Em Benghazi, o porta-voz dos rebeldes, Mustafa Geriani, afirmou que o regime de Gaddafi tentou em várias ocasiões negociar com os opositores, mas que eles sempre o rechaçaram.
"Sempre pedimos que primeiro parem com os assassinatos para se sentar à mesa para dialogar", disse.
Ele negou ainda que se tenha tido conversas com chefes tribais e que vão iniciá-las.

 Por Folha