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‘Príncipe maluco’ é a bebida do Carnaval baiano

Última noite de carnaval após seis dias dançando e pulando atrás de vários trios elétricos e os amigos Luciano Eliçagaray, chefe de cozinha, e Gustavo Neves, músico, continuam animados e querendo mais. O segredo, segundo eles, não é o tradicional energético ou alguma droga ilícita. O remédio para o cansaço e a solução para aguentar tanto tempo de folia no carnaval de Salvador chama-se “Príncipe Maluco”.
A bebida de nome peculiar – que nem os baianos sabem explicar a origem – dominou as ruas da cidade e a pequena dose em um copo plástico de café é vendida pela bagatela de um real. A mistura assusta: conhaque, cachaça, vodca, catuaba e outro destilado de marca famosa, mel, guaraná em pó, gengibre, cravo e canela. O resultado final é um líquido de cor marrom que lembra o quentão típico das festas juninas e fica armazenado em um galão de água.
Para ingerir a bomba há todo um ritual, muito parecido com o da tequila mexicana. Ao virar a dose de uma só vez, é preciso chupar um pedaço de limão lambuzado de leite condensado, “para aliviar o gosto amarrado”, explicam os vendedores da bebida. “A primeira coisa que a gente sente é ela chegando à cabeça e depois o suor escorrendo pelo rosto, esquenta tudo”, detalha o músico Gustavo Neves. “Dá uma energizada total, potencializa tudo”, conta Eliçagaray.
Os amigos garantem que o “Príncipe Maluco” é melhor que qualquer energético. “Substitui todas as drogas possíveis, não precisa de mais nada”, garante Neves. O problema é que, por ser muito barata, muita gente exagera na bebida e acaba no posto médico. Ela é considerada a recordista entre os casos de coma alcoólico atendidos durante o carnaval, muitas vezes por estarem misturadas com remédios tranquilizantes que, junto de bebidas fortes, têm um efeito devastador.

Por Veja