|

Al Qaeda queria atacar maior aeroporto de Londres, diz WikiLeaks

A rede terrorista Al Qaeda chegou a iniciar os preparativos para cometer um atentado no aeroporto londrino de Heathrow, com a mesma estratégia usada no ataques de 11 de Setembro, segundo documentos revelados pelo WikiLeaks e publicados nesta segunda-feira pelo site da revista alemã "Der Spiegel".
O mentor dos atentados de 2001 nos Estados Unidos e número três da Al Qaeda, Khalid Sheik Mohamed, formou em 2002 células para preparar tal ataque, segundo relatórios secretos do Pentágono aos quais a revista teve acesso.
A ideia era desviar um avião pouco depois da decolagem e jogá-lo contra um dos próprios terminais de Heathrow, um dos principais aeroportos da Europa.
Com este objetivo, foi montada primeiro uma célula terrorista no Reino Unido para que acompanhasse no Quênia um curso de pilotos. Um segundo grupo tinha como missão recrutar "mártires" em potencial para participar do atentado.
Segundo o depoimento do paquistanês Khalid Sheik Mohamed, obtido pela CIA [inteligência americana], a Al Qaeda abordou o plano no mais alto nível em várias ocasiões. Alguns membros da organização de Osama bin Laden chegaram a propor uma infiltração entre os funcionários do aeroporto.
Responsável operacional dos atentados de 11 de setembro de 2001, Mohamed deu a ordem no final de 2001 para que se atacassem "os edifícios mais altos da Califórnia" com aviões, segundo a mesma fonte.
Vários veículos da mídia tiveram acesso aos documentos judiciais americanos que descrevem a trajetória de 779 pessoas que passaram pela prisão militar de Guantánamo, em Cuba, desde 2002.
Khalid Sheik Mohamed foi detido no Paquistão em 2003, e permanece em Guantánamo.

PAQUISTÃO
 
Também hoje, autoridades da prisão americana de Guantánamo, em Cuba, incluíram a ISI (principal agência de inteligência do Paquistão), o grupo islâmico Hamas e outras organizações internacionais em uma lista de grupos terroristas, apontam documentos confidenciais de 2007 publicados pelo site WikiLeaks.
As informações --que fazem parte do resumo de interrogatórios com 700 detentos-- devem abalar as relações entre o Paquistão e a CIA [agência de inteligência americana]. Os serviços de inteligência do Paquistão se recusaram a comentar de imediato, mas em ocasiões anteriores o país negou manter laços com militantes islâmicos.
De acordo com os documentos, o ISI foi incluído entre 60 grupos terroristas internacionais. A inteligência iraniana também faz parte da lista, que aparece em uma manual para interrogatórios em Guantánamo. Segundo os papéis, a agência são "entidades terroristas" e presos ligados e elas "dão apoio à Al Qaeda e ao Taleban, ou se envolveram em ações hostis contra os EUA e as forças de coalizão".
A CIA e a ISI trabalham em conjunto desde os ataques de 11 de Setembro para capturar membros da Al Qaeda que buscam refúgio no Paquistão. No entanto, autoridades americanas já revelaram suspeitas de que integrantes da agência estivessem ligados a militantes, apesar de oficialmente os dois países se dizerem comprometidos a combater o terrorismo.
As relações entre as duas agências já estavam estremecidas desde o início do ano, depois que um americano a serviço da CIA matou a tiros dois paquistaneses que supostamente tentaram assaltá-lo. Desde então, a ISI se queixou dos bombardeios aéreos americanos na fronteira com o Afeganistão e da existência de agentes americanos no país sem o consentimento da inteligência paquistanesa.

Por Folha