Atirador foi à escola uma semana antes do ataque, diz diretor
O diretor da Escola Municipal Tasso da Silveira, Luiz Marduk, de 55 anos, diz que o assassino Wellington Menezes de Oliveira esteve no colégio uma semana antes do ataque que deixou 12 crianças mortas pedindo a segunda via do histórico escolar. A secretaria marcou para esta quinta-feira (7), o dia do ataque, a entrega do documento. Marduk conversou com exclusividade com o G1 dentro da escola onde houve o ataque.
"Ele veio na semana passada aqui na escola e pediu na secretaria a segunda via do histórico escolar. Naquele dia, ele perguntou se a professora Dorotéia ainda estava na sala de leitura. Os funcionários confirmaram. Ontem, quando ele chegou aqui, pegou o documento e perguntou se podia ir à sala de leitura falar com a Doróteia. Foi tudo planejado, premeditado, e ele usou as informações que obteve para se aproveitar para colocar a sua maluquice em prática", disse Marduk.
"A Doróteia contou que ele chegou e falou normalmente com ela, não parecia drogado, nem alcoolizado. Ela perguntou se ele iria fazer uma palestra para os alunos, pois temos uma semana em que ex-alunos que tiveram sucesso vêm aqui contar suas experiências de vida, denominada na escola de "prata da casa". Ele respondeu para ela que não, mas ficou com a informação", disse o diretor.
Segundo Marduk, em seguida, a professora foi chamada pela coordenadora em sua sala, e perguntou se Menezes poderia esperá-la. "Ele disse que não tinha pressa, que iria resolver o que tinha que fazer e já voltava", teria dito o assassino à professora.
O diretor conta que, ao sair da sala de leitura, Menezes foi para a sala do outro lado do corredor, ao lado da coordenadoria da escola, onde começou a fazer os disparos.
"Quando ele entrou, a professora reclamou que ele entrou sem pedir licença, daí ele disse que iria dar uma palestra. Daí ele colocou a mochila em cima da mesa e tirou as armas. Um garoto que estava na sala me contou que ele achou que era uma palestra sobre segurança e que o atirador estava fazendo uma encenação para explicar, mas quando ele começou a atirar nas cabeças das crianças, chegando do lado delas e disparando, ele percebeu o que estava acontecendo e correu para chamar a polícia", relata o diretor.
Segundo o diretor, as professoras, em momento algum, foram alvo. "Ele atirava nas crianças, e para matar". O diretor também disse desconhecer que o alvo do criminoso eram as meninas. "As professoras relataram que os meninos correram mais rápido, mas que as meninas ficaram nervosas, não conseguiram se mover, e ficavam nas salas", diz ele.
Todo o ataque de Menezes ocorreu no primeiro andar do prédio, segundo o diretor, considerando que a entrada do colégio fica localizada no térreo. Conforme Marduk, o assassino morreu na escada que liga o primeiro ao segundo andar. Marduk contou que a Polícia Civil não irá mais fazer perícia na escola, que será liberada na segunda-feira para limpeza.
O diretor conta que não estava na escola no momento do ataque. "Eu havia estado aqui mais cedo, por volta das 6h30, para pegar uns documentos e levar a uma reunião na coordenadoria. Quando eu estava voltando de lá, passei por ambulâncias, polícia, percebi que algo estranho estava acontecendo. Cheguei na escola quase junto com os bombeiros. Os responsáveis pelas crianças me perguntavam: 'Seu Luis, onde está o meu filho?' Eu respondia que nem sabia onde estava o meu", relembra. "Alguns professores me falaram: 'Não sobe seu Luis, tem gente atirando'".
Marduk tem seis filhos, e um deles, de 12 anos, estuda na escola e estava no local na hora do tiroteio, mas no terceiro andar, onde o criminoso não chegou.
Segundo o diretor, na ficha de Wellington, não há nenhum relato de bullying. "Ele não era bom nem ruim, o histórico dele diz que, quando ele se formou, a avaliação dele era 'S', de suficiente, que hoje significaria o 'R', de regular. Ele não tinha retenções, mas apresentava traços introspectivos, de característica anti-social", diz.
O diretor não vê a escola como motivação para o ataque. "Não consigo enxergar nenhuma relação com a escola com o que ele fez. Ele só escolheu este lugar para desenvolver a loucura dele”.
Sobre as vidas tiradas pelo criminoso, o diretor diz que a maior dificuldade agora será “superar o trauma que ele deixou nas crianças, a mancha que a gente vai ter muito trabalho e dificuldade para superar”. “Eu não tenho a menor intenção de entender a cabeça deste psicopata. Eu que sinto por ele, eu vou rezar por ele, porque ele precisa de luz, de muita luz, porque ele tem um lado obscuro...”.
A escola hoje tem 1050 alunos em três turnos. Segundo o diretor, o trabalho maior será de “reconstrução espiritual e não material. “Vamos ser a escola fênix, que ressurge”.
Aulas
A escola ficará pelo menos uma semana sem aulas. Segundo a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, psicólogos e assistentes sociais farão um atendimento às famílias que tiveram crianças mortas ou feridas no ataque.
Costin afirmou que a escola não se fechará para a comunidade. “Não queremos transformar as nossas escolas em bunkers, em presídios, mas isso não nos exime de pensar, de refletir sobre segurança dessas instituições.”
Enterros
Durante toda a sexta, familiares, parentes e moradores do bairro de Realengo deram adeus a 11 das 12 crianças mortas no ataque. O corpo de Ana Carolina Pacheco da Silva, de 13 anos, será cremado no sábado (9).
Apenas o corpo do atirador Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, ainda está no Instituto Médico Legal (IML). Segundo o IML, após dez dias, o rapaz será enterrado como "corpo não reclamado".
Baleados
Uma das crianças que estava internada no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, vítima do atirador da escola teve alta no início da tarde desta sexta-feira (8). Renata Lima Rocha, de 13 anos, foi baleada no abdômem.
Ela não falou com a imprensa, mas o homem que socorreu a estudante foi visitá-la no momento em que ela teve alta: “Foi muito bom, ela me falou que me deve uma, e combinamos de nos encontrar de novo”, disse Fábio Júnior, chorando.
Três dos onze jovens feridos na tragédia de Realengo, na quinta-feira (7), seguem internados em estado grave, inspirando cuidados rigorosos, de acordo com informações da Secretaria estadual de Saúde.
"Ele veio na semana passada aqui na escola e pediu na secretaria a segunda via do histórico escolar. Naquele dia, ele perguntou se a professora Dorotéia ainda estava na sala de leitura. Os funcionários confirmaram. Ontem, quando ele chegou aqui, pegou o documento e perguntou se podia ir à sala de leitura falar com a Doróteia. Foi tudo planejado, premeditado, e ele usou as informações que obteve para se aproveitar para colocar a sua maluquice em prática", disse Marduk.
"A Doróteia contou que ele chegou e falou normalmente com ela, não parecia drogado, nem alcoolizado. Ela perguntou se ele iria fazer uma palestra para os alunos, pois temos uma semana em que ex-alunos que tiveram sucesso vêm aqui contar suas experiências de vida, denominada na escola de "prata da casa". Ele respondeu para ela que não, mas ficou com a informação", disse o diretor.
Segundo Marduk, em seguida, a professora foi chamada pela coordenadora em sua sala, e perguntou se Menezes poderia esperá-la. "Ele disse que não tinha pressa, que iria resolver o que tinha que fazer e já voltava", teria dito o assassino à professora.
O diretor conta que, ao sair da sala de leitura, Menezes foi para a sala do outro lado do corredor, ao lado da coordenadoria da escola, onde começou a fazer os disparos.
"Quando ele entrou, a professora reclamou que ele entrou sem pedir licença, daí ele disse que iria dar uma palestra. Daí ele colocou a mochila em cima da mesa e tirou as armas. Um garoto que estava na sala me contou que ele achou que era uma palestra sobre segurança e que o atirador estava fazendo uma encenação para explicar, mas quando ele começou a atirar nas cabeças das crianças, chegando do lado delas e disparando, ele percebeu o que estava acontecendo e correu para chamar a polícia", relata o diretor.
Segundo o diretor, as professoras, em momento algum, foram alvo. "Ele atirava nas crianças, e para matar". O diretor também disse desconhecer que o alvo do criminoso eram as meninas. "As professoras relataram que os meninos correram mais rápido, mas que as meninas ficaram nervosas, não conseguiram se mover, e ficavam nas salas", diz ele.
Todo o ataque de Menezes ocorreu no primeiro andar do prédio, segundo o diretor, considerando que a entrada do colégio fica localizada no térreo. Conforme Marduk, o assassino morreu na escada que liga o primeiro ao segundo andar. Marduk contou que a Polícia Civil não irá mais fazer perícia na escola, que será liberada na segunda-feira para limpeza.
O diretor conta que não estava na escola no momento do ataque. "Eu havia estado aqui mais cedo, por volta das 6h30, para pegar uns documentos e levar a uma reunião na coordenadoria. Quando eu estava voltando de lá, passei por ambulâncias, polícia, percebi que algo estranho estava acontecendo. Cheguei na escola quase junto com os bombeiros. Os responsáveis pelas crianças me perguntavam: 'Seu Luis, onde está o meu filho?' Eu respondia que nem sabia onde estava o meu", relembra. "Alguns professores me falaram: 'Não sobe seu Luis, tem gente atirando'".
Marduk tem seis filhos, e um deles, de 12 anos, estuda na escola e estava no local na hora do tiroteio, mas no terceiro andar, onde o criminoso não chegou.
Segundo o diretor, na ficha de Wellington, não há nenhum relato de bullying. "Ele não era bom nem ruim, o histórico dele diz que, quando ele se formou, a avaliação dele era 'S', de suficiente, que hoje significaria o 'R', de regular. Ele não tinha retenções, mas apresentava traços introspectivos, de característica anti-social", diz.
O diretor não vê a escola como motivação para o ataque. "Não consigo enxergar nenhuma relação com a escola com o que ele fez. Ele só escolheu este lugar para desenvolver a loucura dele”.
Sobre as vidas tiradas pelo criminoso, o diretor diz que a maior dificuldade agora será “superar o trauma que ele deixou nas crianças, a mancha que a gente vai ter muito trabalho e dificuldade para superar”. “Eu não tenho a menor intenção de entender a cabeça deste psicopata. Eu que sinto por ele, eu vou rezar por ele, porque ele precisa de luz, de muita luz, porque ele tem um lado obscuro...”.
A escola hoje tem 1050 alunos em três turnos. Segundo o diretor, o trabalho maior será de “reconstrução espiritual e não material. “Vamos ser a escola fênix, que ressurge”.
Aulas
A escola ficará pelo menos uma semana sem aulas. Segundo a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, psicólogos e assistentes sociais farão um atendimento às famílias que tiveram crianças mortas ou feridas no ataque.
Costin afirmou que a escola não se fechará para a comunidade. “Não queremos transformar as nossas escolas em bunkers, em presídios, mas isso não nos exime de pensar, de refletir sobre segurança dessas instituições.”
Enterros
Durante toda a sexta, familiares, parentes e moradores do bairro de Realengo deram adeus a 11 das 12 crianças mortas no ataque. O corpo de Ana Carolina Pacheco da Silva, de 13 anos, será cremado no sábado (9).
Apenas o corpo do atirador Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, ainda está no Instituto Médico Legal (IML). Segundo o IML, após dez dias, o rapaz será enterrado como "corpo não reclamado".
Baleados
Uma das crianças que estava internada no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, vítima do atirador da escola teve alta no início da tarde desta sexta-feira (8). Renata Lima Rocha, de 13 anos, foi baleada no abdômem.
Ela não falou com a imprensa, mas o homem que socorreu a estudante foi visitá-la no momento em que ela teve alta: “Foi muito bom, ela me falou que me deve uma, e combinamos de nos encontrar de novo”, disse Fábio Júnior, chorando.
Três dos onze jovens feridos na tragédia de Realengo, na quinta-feira (7), seguem internados em estado grave, inspirando cuidados rigorosos, de acordo com informações da Secretaria estadual de Saúde.
Por G1