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Sobrinho diz que atirador queria atacar Cristo Redentor, diz polícia

O sobrinho do atirador da escola Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, disse, em depoimento à polícia, que Wellington Menezes de Oliveira era "muito tímido, e não tinha vida social, pois ficava trancado em seu quarto utilizando a internet no computador".
O sobrinho disse ainda que depois do atentado às torres gêmeas, em Nova York, Wellington dizia que faria o mesmo com o Cristo Redentor.
Ele declarou ainda que o assassino andava muito estranho, e deixou a barba até o peito. Mas o sobrinho afirmou que nunca soube que ele tinha armas de fogo. Disse que o tio era "zoado" no trabalho por outros funcionários.

Uma peça-chave para determinar o comportamento e os interesses de Wellington foi recolhida para análise: o computador, que, segundo vizinhos, era utilizado todas as noites pelo rapaz. Ele pode ter sido usado para criar um perfil no site de relacionamentos orkut. O dono do perfil aparece como criador da comunidade "entendendo a Bíblia Sagrada", que foi criada no dia 26 de março, quase duas semanas antes do massacre. Entre os tópicos, a frase "Jesus não falou com os mortos”.
O Google, proprietário do Orkut, informou que não é possível alterar a data de criação de uma comunidade.
O autor do perfil postou fotos de um cemitério e de um corpo ensanguentado, todas acompanhadas por citações bíblicas, aos livros de Eclesiastes, Ezequiel e Jeremias.
Na tarde desta sexta-feira, o perfil foi apagado do Orkut. A empresa Google informou que pode remover perfis com conteúdo inadequado às políticas do site.

Armas

A polícia apresentou nesta sexta-feira (8) os revólveres utilizados por Wellington Menezes de Oliveira, e as cápsulas disparadas por ele, além de um cinturão e de um carregador de munições usados no ataque à Escola Municipal Tasso da Silveira. Morreram 12 alunos no tiroteio, e o atirador se suicidou após ser alvejado pela polícia.
“Foram recolhidas pelo menos 60 cápsulas, o que indica o número de tiros que ele disparou. Segundo os depoimentos, ele usava as duas armas ao mesmo tempo”, disse o delegado da Divisão de Homicídios, Felipe Ettore.
A Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) vai investigar a procedência dos revólveres utilizados pelo criminoso. Segundo Ettore, até o momento, sabe-se que uma das armas foi roubada em 1994 de um sítio. O outro revólver está com a numeração raspada.
O delegado afirmou que não é necessário treinamento específico para usar um revólver. “Não é complexo utilizar esse revólver, não precisa de treinamento especializado”, explicou.
Além disso, a polícia informou ter encontrado outras 25 balas intactas que poderiam ter sido usadas pelo atirador se ele não tivesse sido surpreendido por PMs durante o ataque.


Atirador apresentava transtornos mentais, diz polícia

Felipe Ettore, que investiga o massacre, afirmou que relatos de familiares e conhecidos de Wellington apontam que o atirador tinha problemas mentais.
“Segundo os relatos, Wellington era uma pessoa muito introspectiva, não tinha amigos, nunca teve uma namorada. Andava sempre de calça comprida, nunca saia de casa. A indicação é de que ele tinha problemas mentais”, explicou Ettore. Ainda segundo o delegado, não foram encontrados remédios na casa do atirador.

Depoimentos

A Polícia Civil ouviu na noite de quinta-feira (7) professores e diretores da escola, além de uma tia do atirador e dois primos. “Os relatos foram fundamentais para traçarmos o perfil dele. Queremos entender o que levou Wellington a cometer esse crime, disse Ettore.
Segundo o delegado, a polícia aguarda o laudo pericial do local e o laudo cadavérico para prosseguir nas investigações.

Internados

Uma das crianças que estava internada no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, vítima do atirador da escola Tasso de Oliveira, teve alta no início da tarde desta sexta-feira (8). Renata Lima Rocha, de 13 anos, foi baleada no abdômem.
Três dos onze jovens feridos na tragédia de Realengo, na quinta-feira (7), seguem internados em estado grave, inspirando cuidados rigorosos, de acordo com informações da Secretaria estadual de Saúde.

Por G1