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Forças de segurança sírias voltam a reprimir manifestações com violência

Forças de segurança e do Exército sírio voltaram a entrar em confronto com manifestantes opositores ao regime do ditador Bashar al Assad em pelo menos duas localidades do país, em uma operação que deixou vários mortos, segundo informaram fontes ligadas à oposição e a organizações humanitárias.
A rede de notícias opositora ShaamNews assegurou que ao menos 20 pessoas morreram em Deraa, no sul do país, informação esta que não pôde ser confirmada com outras fontes.
Imagens de vídeo divulgadas pela ShaamNews, supostamente filmadas nesta segunda-feira, mostram blindados nas ruas de Deraa fazendo disparos esporádicos contra a multidão.
"As tropas entraram na cidade acompanhadas de blindados e veículos armados (...) e eles estão disparando em todas as direções", relatou o ativista Abdullah al Harriri à agência France Presse por telefone.
"Cortaram a luz e as comunicações por telefone são virtualmente impossíveis", disse Al Harriri.
Enquanto isso no bairro de Duma, no centro de Damasco, as forças de segurança do regime, acompanhadas de ao menos oito blindados, dispararam indiscriminadamente contra civis ligados a grupos de defesa dos direitos humanos, segundo informações da agência Reuters.

OCIDENTE CONDENA
 
Após a morte de mais de 80 manifestantes na sexta-feira (22) e de ao menos nove pessoas que acompanhavam seus funerais no sábado na Síria, a União Europeia (UE) classificou a repressão no país como "intolerável" e pediu "reformas profundas" ao regime do ditador Bashar al Assad, cuja renúncia é reivindicada pelos protestos.
De acordo com organismos de direitos humanos, mais de 300 pessoas já morreram desde que, em meados de março, intensificaram-se os protestos políticos na Síria, iniciados em fevereiro.
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, condenou no sábado os atos "intoleráveis" de violência na Síria e considerou "essencial" que Damasco inicie reformas políticas.
O governo sírio deve "parar imediatamente de recorrer à força brutal contra os manifestantes" e começar a "respeitar seu direito de protestar", disse.
Os tiros contra os manifestantes "são intoleráveis", destacou a Alta Representante da UE para Relações Exteriores, ao afirmar que "todos os responsáveis pelos crimes deverão ser levados à justiça".
Apesar do anúncio da suspensão do estado de emergência na Síria, "reformas confiáveis só poderão ser medidas com verdadeiros progressos no terreno".
"Peço ao governo sírio que realize reformas políticas profundas, começando pelo respeito aos direitos mais elementares, às liberdades fundamentais e ao Estado de direito".
O presidente americano, Barack Obama, também pediu o fim "imediato" dos confrontos e condenou o "recurso ultrajante à violência" utilizado pelo governo de Al Assad pra conter as manifestações e apontou ajuda de Teerã a Damasco.
"Este ultrajante uso da violência para conter os protestos precisa ser interrompido imediatamente. Ao invés de ouvir seu próprio povo, Assad está culpando outros enquanto busca auxílio do Irã para reprimir os cidadãos da Síria por meio das mesmas técnicas brutais que já foram usadas pelos aliados iranianos", disse.

Por Folha