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Vôlei Futuro reclama de homofobia em Minas; Cruzeiro rebate

A equipe do Vôlei Futuro acusa o Sada Cruzeiro, rival nas semifinais da Superliga masculina, e a torcida do time mineiro de homofobia e maus-tratos no jogo da última sexta-feira em Contagem. Os mineiros refutam as acusações.
A equipe de Araçatuba encaminhou reclamação à Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) nesta segunda-feira e pretende ir ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) devido ao que chama de "discriminação e tumulto".
Em comunicado, o time do interior paulista reclama de ter sido recebida por um "segurança aparentemente alcoolizado", falta de ingressos para torcedores e familiares e homofobia em relação ao jogador Michael.
"Tratando-se da torcida do Sada Cruzeiro, esta atuou de maneira feroz e preconceituosa, mostrando ódio, aversão e discriminação a um dos atletas do Vôlei Futuro, deixando claro o manifesto de homofobia dentro do Ginásio. O coro era de forma organizada, crianças, homens e mulheres se juntaram para cometer o tremendo desrespeito e discriminação com o atleta Michael", diz um trecho da nota do Vôlei Futuro.
A equipe mineira também publicou comunicado em seu site se defendendo das acusações.
"Quanto aos fatos relatados pela equipe Vôlei Futuro, sobre a primeira partida das semifinais no Ginásio Poliesportivo do Riacho, em Contagem, refutamos as acusações e suspeitamos que tais 'denúncias' sejam uma nítida manobra no sentido de intimidar a nossa equipe e nossa torcida no jogo da volta em Araçatuba, no próximo sábado", diz a nota.
Segundo a assessoria de imprensa da CBV, delegado e árbitro da partida não relataram tais denúncias feitas pelo Vôlei Futuro. Mas a reclamação da equipe paulista foi recebida pela Confederação, que a encaminhará para o STJD.
O Vôlei Futuro também divulgou, via comunicado oficial, declarações de Michael em relação ao ocorrido em Minas Gerais.
"No jogo em Contagem eram cerca de duas mil pessoas, o ginásio estava super lotado e todos me chamando de "bicha", "gay" e outras ofensas. Me senti ofendido e constrangido pelo ocorrido; não eram só alguns torcedores de torcida de futebol, eram crianças, mulheres, o ginásio inteiro gritando e me ofendendo. O jogo foi transmitido pela TV e não só quem estava no ginásio pode ouvir, mas todos que assistiram ao jogo pela TV no Brasil inteiro, depois da partida as pessoas em Araçatuba e de diversos lugares vieram me perguntar o que tinha acontecido e se mostraram muito solidárias. Eu poderia ter jogado melhor se não tivesse passado por esse constrangimento e me senti julgado pelo lado pessoal e não pelo profissional que sou. Acho que este tipo de acontecimento não deve passar em branco, realmente me fez muito mal, acho que deve ser divulgado e discutido para que isso não ocorra com mais ninguém", disse o atleta.
O Sada Cruzeiro também se defendeu das acusações de homofobia.
"Sobre a torcida, a equipe Sada Cruzeiro não incentiva e nem apoia atos considerados como preconceituosos. Ao contrário, sempre pede que todos sejam tratados com respeito. Após a partida, funcionários da equipe Sada Cruzeiro viram vários atletas do Vôlei Futuro, como Leandro Vissotto, Mário Jr e Michael tirando fotos e dando autógrafos para os torcedores, em sua maioria crianças e mulheres, num clima comum a um jogo de vôlei. Nenhuma confusão."
O time mineiro venceu a partida por 3 sets a 2. O segundo jogo acontece neste sábado, em Araçatuba.

Por Folha