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Dilma diz a interlocutores aliados que situação de Palocci está sob controle

BRASÍLIA - Após uma reunião de duas horas nesta quinta-feira com o presidente do PT, Rui Falcão, a presidente Dilma Rousseff disse a interlocutores acreditar que está sob controle a polêmica sobre o crescimento do patrimônio do ministro da Fazenda, Antonio Palocci , dono de uma empresa de consultoria que comprou um apartamento de R$ 6,6 milhões em São Paulo. Segundo um petista que esteve no Palácio da Alvorada, Dilma "se mostrou muito segura em relação à condução do caso Palocci". Ela avaliou que o pior já passou e que vai segurar o ministro no cargo "até o fim".
Mas, no Congresso, a guerra regimental entre governo e oposição pela convocação de Palocci, para explicar o salto no seu patrimônio, deve se intensificar na próxima semana. Na tentativa de esvaziar a polêmica, o governo quer centrar todo o esforço nas votações no plenário da Casa e já pediu a convocação de sessão extraordinária às 9h de terça-feira para votar o Código Florestal, o que dificulta votações nas comissões.
A oposição se mobiliza apresentando mais requerimentos de convocação, na Câmara e no Senado, e tenta também aprovar Propostas de Fiscalização de Controle (PFCs), que funcionam como uma espécie de mini CPI, em cinco comissões temáticas. O DEM apresentou pedidos para investigar a prática de possível crime de responsabilidade contra a probidade administrativa.
A estratégia do líder do DEM, ACM Neto (BA), é a de tentar driblar a manobra governista e garantir, pelo menos nas comissões que o partido preside - a de Segurança Pública e a de Agricultura -, a indicação do relator da PFC. Segundo ACM, o presidente da comissão pode indicar o relator da PFC, que poderá fazer diligências antes de submeter seu relatório aos demais integrantes. Só depois de aprovado o relatório, a fiscalização é criada.
- Vamos insistir na convocação, mas solicitamos que cinco comissões investiguem Palocci. Pelo menos nas presididas pelo DEM, o processo terá máxima celeridade. O relator pode fazer diligências, pedir informações. Estamos agindo para driblar a manobra governista. Não vamos deixar o assunto morrer - avisou ACM Neto.
Mas, regimentalmente, há obstáculos a serem transpostos: a PFC depende de despacho do presidente da Casa para retornar à comissão, quando é possível indicar o relator. De fevereiro até agora, 18 requerimentos de PFCs foram apresentados e apenas três despachados de volta pelo presidente Marco Maia (PT-RS). Além disso, o regimento permite que o presidente analise se é matéria de competência daquela comissão.
Nesta quinta-feira, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), rechaçou a análise de que a base aliada está fragilizada. Para ele, na próxima semana as votações serão em plenário, com a votação do Código Florestal e de medidas provisórias.
- Não tem nada de (base) melindrada. Eu me lembro do que vivemos no ano passado, sofrendo derrotas e com dificuldade de votar. Se estivéssemos com essa insatisfação toda, não teríamos feito o que fizemos ontem - disse Vaccarezza, referindo-se à vitória ao evitar a convocação de Palocci e à não votação do Código nesta quarta-feira.
Segundo Vaccarezza, até líderes aliados tentaram votar o Código, mas concordaram em dar mais um prazo para o governo até terça. Para Vaccarezza, na votação do projeto, a discussão não será base aliada/oposição:
- Não tem como segurar, se não conseguirmos convencer que o melhor é seguir a orientação do governo. Mas a base de Dilma tem mais unidade (que na época do governo Lula). A eleição criou uma base mais comprometida.
No Senado, PSDB e DEM decidiram convocar Palocci, endossando iniciativa da senadora Marinor Brito (PSOL-PA) na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle para que ele explique sua atividade como consultor e sua evolução patrimonial.
O líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), no entanto, já sinalizava desencanto, no Twitter: "Assinei com PSOL requerimento que convoca Palocci para depor. Certamente a maioria rejeitará". A comissão é presidida pelo senador Rodrigo Rolemberg (PSB-DF), da base aliada.
No Alvorada, Dilma discutiu com Rui Falcão a retomada da interlocução para resolver as pendências do partido com o governo. Após o almoço, Rui Falcão informou que ficou acertado que ele mesmo fará a interlocução do PT com o governo, mas negou que neste primeiro encontro tenha discutida a lista de 120 cargos que o PT pleiteia no segundo e terceiro escalões.
- Nada disso foi conversado entre nós. Conversas informais, clima ameno e informei sobre meus contatos e roteiro de viagens - disse Falcão, que iniciará um périplo pelo país articulando as candidaturas para 2012.

Por O Globo