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Especialistas acham que dados da caixa-preta poderão ser lidos

O diretor do BEA (Escritório de Investigações e Análises, na sigla em francês), Jean-Paul Troadec, disse que há esperanças de que seja possível extrair e analisar os dados do módulo de memória de uma das caixas-pretas do voo AF 477 da Air France, que foi encontrado neste domingo.
A unidade de memória dessa caixa-preta, chamada FDR (Flight Data Recorder, ou gravador de dados de voo, em inglês), contém os parâmetros técnicos do voo, como a altitude, a velocidade e a trajetória do avião da Air France.
Essas informações são consideradas essenciais para a investigação do acidente, que matou 228 pessoas em 2009.
"A caixa-preta parece estar em bom estado físico. Nossos especialistas disseram que podemos ter esperança de ler os dados", disse Troadec.
O módulo de memória da caixa-preta foi encontrado durante a "[quinta fase]": de buscas do equipamento, iniciada na última terça-feira (26).
Mas as buscas continuam para tentar localizar a outra caixa-preta do avião, chamada Cockpit Voice Recorder, que grava as conversas dos pilotos na cabine.
Os investigadores haviam dito que poderia ser difícil conseguir analisar as caixas-pretas da aeronave, já que elas ficaram quase dois anos submersas a cerca de 4.000 metros de profundidade.
Alain Bouillard, chefe das investigações do acidente, havia declarado recentemente que "serão necessários vários dias de preparativos para ler o conteúdo das caixas-pretas e talvez várias semanas, se estiverem danificadas".
O voo 477 da Air France fazia o trajeto Rio-Paris quando caiu no oceano Atlântico, na noite do dia 31 de maio para 1º de junho de 2009.

RESPOSTAS
 
Em um comunicado, o diretor-geral da Air France, Pierre-Henri Gourgeon, disse que a quinta fase de buscas pode revelar novos detalhes sobre o acidente.
"Essa nova etapa nas investigações constitui um grande avanço porque ela poderia fornecer informações suplementares sobre as causas desse acidente, inexplicado até hoje", disse.
Gourgeon afirmou ainda que espera "que o BEA possa trazer respostas às perguntas feitas há quase dois anos pelas famílias das vítimas, por nossa companhia e pela comunidade aérea mundial quanto aos fatos que conduziram a esse trágico acidente".
Na quarta-feira (28), o BEA, que apura as causas do acidente, havia localizado somente o chassi dessa caixa-preta, sem a unidade que armazena os dados.
Neste domingo, segundo um comunicado do órgão, o módulo de memória da caixa-preta foi localizado às 7h (horário de Brasília). O equipamento foi içado pelo robô Remora 6000 a bordo do navio Ile de Sein às 13h40.
As operações estão sendo realizadas a 3.900 metros de profundidade, em uma área a cerca de 1.100 km de distância da costa brasileira.
A fuselagem do Airbus havia sido localizada no início de abril, a apenas cerca de dez quilômetros ao norte da última posição do avião conhecida nos radares.
A caixa-preta com os dados do voo --e, se for localizada, também a que contém as conversas dos pilotos-- serão levadas à França por uma fragata da marinha francesa.
O equipamento será analisado na sede do BEA, nos arredores de Paris.

Por Folha