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Israel não vai voltar para as fronteiras de 1967, diz Netanyahu

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, admitiu nesta sexta-feira (20), em encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que seu país pode fazer algumas concessões no processo de paz com os palestinos, mas reiterou que as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, de 1967, não estão na mesa de negociações. Netanyahu fez essas declarações à imprensa no Salão Oval da Casa Branca depois de se reunir por mais de duas horas com Obama. Na quinta-feira, Obama propôs um Estado palestino baseado nas fronteiras de 1967.
Diante da imprensa, Netanyahu voltou a dizer que as fronteiras de 1967 são, levando em conta questões de segurança e de demografia, "indefensáveis". Tentando evitar uma situação constrangedora, ele afirmou que EUA e Israel divergem "aqui e ali", mas o encontro mostrou que as divergências não são tão simples. Obama e Netanyahu se reuniram por mais de duas horas – o dobro do previsto inicialmente – e voltaram a se reunir após a conversa com os repórteres. Obama, também medindo as palavras, admitiu que persistem as diferenças entre os dois países a respeito do caminho a seguir no processo de paz no Oriente Médio, o que ficara claro imediatamente após o seu discurso de quinta-feira.
Apesar das divergências o presidente dos EUA tentou focar o discurso nos pontos de acordo entre os dois países. Obama voltou a falar abertamente sobre um tema das negociações que Israel considera sensível e com o qual os EUA concordam: a reconciliação entre o Hamas, considerado um grupo terrorista, e o Fatah, representante palestino nas negociações com Israel reconhecido pela comunidade internacional. "O Hamas não é um parceiro para um processo de paz significativo e realista", disse Obama. No início do mês, quando o processo de reconciliação foi divulgado, Netanyahu afirmou que o Fatah deveria escolher entre a paz com Israel e a paz com o Hamas. Outro ponto em comum para EUA e Israel é a hostilidade ao Irã e ao projeto nuclear que Teerã alega ser pacífico. Segundo Obama, os EUA preparam uma nova rodada de sanções contra o Irã.
O encontro com Obama na Casa Branca foi apenas o primeiro compromisso de Netanyahu nos Estados Unidos. Neste fim de semana, ambos participam da conferência anual da Aipac (organização do lobby americano pró-Israel) e, no início da semana que vem, Netanyahu fará um discurso para uma sessão conjunta do Congresso americano.

Abbas diz que Israel não quer a paz
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, afirmou que as declarações de Netanyahu após a reunião Obama demonstram seu desinteresse pela paz, segundo seu porta-voz, Nabil Abu Rudeina. "Estas declarações são uma manifestação formal de que não está disposto a participar de uma paz autêntica baseada na justiça e na legitimidade internacional", assinalou à agência oficial palestina Wafa.
O porta-voz afirmou que, ao deixar clara sua recusa em aceitar as fronteiras de 1967 como base para a negociação, Netanyahu "rejeitou" o pedido que Obama tinha feito na quinta-feira em seu discurso em Washington sobre o Oriente Médio e o Norte da África. Rudeina pediu à administração americana que pressione Netanyahu para deter sua "resistência" à uma solução negociada ao conflito.
O porta-voz também rejeitou as críticas do chefe de governo israelense ao acordo de reconciliação Fatah e Hamas, ao considerar que é um "assunto interno" que ele usa como "desculpa" para "evitar a mesa de negociações".

Por Época