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Petistas saem em apoio a Palocci para esfriar crise

BRASÍLIA -- Oito dias depois da revelação de que o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, multiplicou seu patrimônio trabalhando como consultor de empresas, algumas das principais estrelas do PT saíram ontem em defesa do ministro para esfriar a polêmica em torno dos seus negócios.
Reunidos em Brasília com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, os cinco governadores do partido se manifestaram contra a ida de Palocci ao Legislativo para se explicar a deputados e senadores, como defende a oposição.
"O Congresso é uma casa mais política do que um local próprio de investigação. Se quer esclarecimento, o melhor caminho é o Ministério Público", disse Jaques Wagner (BA). "O único fato é o faturamento da empresa por um ano, fora isso não tem nenhum fato anormal", acrescentou.
O Palácio do Planalto orientou ministros e dirigentes petistas a defender Palocci, que se recusa a divulgar a lista de seus clientes e o faturamento de sua empresa de consultoria, a Projeto.
Segundo a reportagem apurou, a equipe da presidente Dilma Rousseff avalia que divulgar nomes agora seria "dar munição" à oposição, que, na opinião de assessores, passaria a fazer "ilações" contra o governo federal.
Na sexta-feira passada, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu explicações a Palocci e deu 15 dias para ele se pronunciar.
Como a reportagem revelou, a consultoria do ministro faturou no ano passado R$ 20 milhões, dos quais metade em novembro e dezembro, entre o fim da campanha presidencial e a posse de Dilma.
Palocci trabalhou como consultor nos últimos quatro anos, período em que exerceu o mandato de deputado federal e chefiou a campanha de Dilma. Ele diz que não cometeu irregularidades.
Em São Paulo, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou não ver razão para que se duvide de Palocci. "Estamos sujeitos a uma inversão da regra na dúvida, em favor do réu, do Direito Penal", afirmou.

Por Folha