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Prisão de Strauss-Kahn atrai populares e turistas em NY

Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), permanece neste sábado em prisão domiciliar num apartamento no distrito financeiro de Nova York que se tornou atração turística na cidade.
Strauss-Kahn deixou a prisão na sexta-feira e deve ficar no apartamento de Manhattan por alguns dias até que uma casa permanente seja encontrada. Ele é acusado de agressão sexual contra uma camareira de um hotel de Nova York.
Ele só pode deixar o apartamento para ir ao tribunal, reunir-se com advogados, ter consultas médicas e para uma saída para fins religiosos por semana.
A casa temporária foi viabilizada por uma empresa privada de segurança, que é responsável pela vigilância de Strauss-Kahn. O custo estimado do serviço é US$ 200 mil por mês, e será pago pelo próprio ex-chefe do FMI, que há uma semana era uma das pessoas mais poderosas do mundo financeiro.
Carros com links de satélite, repórteres e fotógrafos dão plantão nos arredores do apartamento. Populares fazem perguntas aos policiais no local e tiram fotos do movimento da imprensa. Num ônibus de turismo, o guia apontou para o edifício e informou que era ali que estava Strauss-Kahn.
Vizinhos, no entanto, reclamam. "Não gosto disso. Não gosto de toda essa atenção e da aglomeração na rua", afirmou Ian Horowitz, de 29 anos.
Strauss-Kahn, antes cotado como forte candidato à presidência da França, renunciou ao cargo no FMI na quarta-feira. A ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, é a favorita para substituí-lo.
Strauss-Kahn foi detido pela polícia de Nova York há uma semana, horas depois do suposto ataque no hotel Sofitel, Manhattan. Em 6 de junho, ele irá ao tribunal para, formalmente, responder às acusações. Um julgamento pode demorar seis meses ou mais.
Ele nega a acusação de agressão sexual feita pela camareira, de 32 anos. Se condenado, ele pode ficar preso por 25 anos.

GESTÃO DE CRISE
 
Os advogados de Strauss-Kahn teriam procurado informalmente assessoria em relações públicas de uma consultoria em Washington, gerenciada por ex-diplomatas e funcionários da CIA. O objetivo seria ter a ajuda da firma em gestão de crise.
Na França, o jornal Le Monde publicou que os advogados contrataram a Guidepost Solutions, uma empresa de investigação global onde trabalhariam ex-funcionário do Judiciário de Nova York, um ex-promotor federal e um ex-chefe de segurança da IBM.
Na França, uma organização feminista divulgou uma petição onde se dizia impressionada pelos comentários sexistas de figuras públicas do país, desde a prisão de Strauss-Kahn.
SUCESSÃO NO FMI
Com posto de chefe repentinamente vago, o FMI disse que o processo de escolha de um novo líder deve terminar no fim de junho. Com a crise na zona do euro, a União Européia e os Estados Unidos querem uma substituição rápida.
Presidente do principal painel de conselheiros do FMI, Tharman Shanmugaratnam, que também é ministro das Finanças de Cingapura, afirmou ser imperativo que o processo seja aberto e transparente.
"Os desafios que enfrentamos são grandes, e uma conclusão mais cedo do processo de seleção será vantajoso", afirmou ele num comunicado neste sábado.
Apesar do favoritismo da ministra Lagarde, países em desenvolvimento pressionam a Europa e os Estados Unidos para evitar um acordo de bastidores sobre a indicação. O FMI tem sido chefiado por um europeu desde que foi criado. Lagarde seria a primeira mulher a liderá-lo.
O ex-ministro da Economia turco Kemal Dervis era visto como outro candidato forte, mas já se disse fora disputa, colocando pressão para que os emergentes encontrem um candidato próprio consensual.

CANDIDATA
 
A ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, é uma "candidata excelente" para comandar o FMI, afirmou seu colega britânico hoje.
"Apoiamos ela porque é a melhor pessoa para o trabalho, mas eu pessoalmente também acho que seria uma coisa muito boa ver a primeira mulher no cargo de diretor-gerente do FMI nos seus 60 anos de história", disse George Osborne, em comunicado.
"Ela mostrou real liderança internacional como presidente do grupo de ministros de finanças do G20 este ano. Ela também tem sido uma forte defensora de controle das finanças dos países com altos déficits orçamentários", disse Osborne.

Por Folha