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Ex-jogador Edmundo deixa a delegacia em São Paulo

O ex-jogador Edmundo, preso nesta quarta-feira (15) em São Paulo, deixou a 3ª Delegacia Seccional Oeste por volta das 19h desta quinta-feira, após passar a noite na prisão.
Cerca de uma hora depois de ser solto, o ex-jogador realizou exame de corpo delito no 91º DP (Ceagesp) e voltou à delegacia onde permaneceu preso para assinar o seu alvará de soltura.
Cercado de repórteres e fotógrafos, Edmundo não quis comentar o caso.
O pedido de habeas corpus, feito na manhã de hoje pelo advogado Arthur Lavigne, foi julgado e concedido à tarde pela desembargadora da 6ª Câmara Criminal, Rosita Maria de Oliveira Netto.
A defesa alega que a pena de Edmundo --condenado em 1999 a quatro anos e seis meses de prisão por um acidente ocorrido no Rio-- já prescreveu. Para a magistrada, houve ilegalidade em sua prisão, pois o trânsito em julgado do processo (quando não cabe mais recursos) ainda não ocorreu. "É de se conferir, por ora, a liberdade ao paciente Edmundo Alves de Souza Neto, com a expedição do alvará de soltura, que deverá ser cumprido", afirmou na decisão.
Policiais do Rio chegaram por volta das 16h20 à delegacia, após seis horas de viagem, para levar o jogador.
Entretanto, segundo advogada Ana Beatriz Saguas, que também defende Edmundo, ele não deve mais ser transferido e será liberado ainda hoje. "Ele está livre, está bem. Só está aguardando a delegacia receber o alvará de soltura", disse.
Às 18h10 os policiais do Rio deixaram a delegacia. Questionado se a polícia perdeu tempo ao vir para São Paulo, o delegado da Polinter (Polícia Interestadual) Renato Soares afirmou que "a polícia não perde tempo". "Estamos trabalhando", disse Soares.
Condenado pela morte de três pessoas em um acidente de trânsito, Edmundo teve a prisão decretada na terça-feira (14). Considerado foragido da Justiça, ele foi localizado após uma denúncia anônima.

PRISÃO
 
Os policiais chegaram ao flat por volta das 23h de ontem e confirmaram com funcionários a presença do ex-jogador no local. Edmundo, que estava sozinho no apartamento, tomou um banho e ligou para seu advogado antes de ser conduzido ao 14º Distrito Policial, em Pinheiros.
Segundo informações da Polícia Civil, o ex-jogador estava calmo e disse que aguardava orientações de seu advogado para se entregar.
A Polícia Civil do Rio já havia realizado ontem buscas em ao menos quatro endereços à procura dele, sem sucesso.
Edmundo foi condenado em março de 1999 a quatro anos e seis meses de prisão, em regime semiaberto, por homicídio culposo e lesão corporal culposa, por conta de um acidente de carro ocorrido na Lagoa, zona sul do Rio, na madrugada do dia 2 de dezembro de 1995.

ACIDENTE
 
Na tragédia, Edmundo dirigia uma Cherokee e havia acabado de sair da boate Sweet Love com as amigas Roberta Rodrigues de Barros Campos, Débora Ferreira da Silva, Markson Gil Pontes e Joana Maria Martins Couto, que morreu no hospital. O carro de Edmundo bateu em um Uno, na Lagoa.
O Uno era dirigido por Carlos Frederico Brites Pontes, que também morreu no local do acidente. Ele estava acompanhado da namorada Alessandra Cristini Pericier Perrota, que morreu no hospital, e de Natascha Marinho Ketzer. Roberta, Débora e Natascha ficaram feridas.
O laudo policial sobre o acidente concluiu que a alta velocidade em que o jogador conduzia seu carro foi determinante para a batida. Ele foi acusado (denúncia formal) de triplo homicídio culposo, em 1996.
Em sua defesa, no depoimento para o Ministério Público, Edmundo disse que foi fechado pelo motorista do Uno, mas não convenceu a Justiça.
No dia 5 de março de 1999, Edmundo foi condenado. Os advogados do jogador entraram com um recurso e conseguiram a liberdade provisória.
Em outubro, o Tribunal de Justiça confirmou a sentença e determinou a imediata detenção do jogador. Depois de ficar foragido por 24 horas, Edmundo se entregou e chegou a passar uma noite detido na Polinter (Polícia Interestadual). Foi liberado graças a uma liminar do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Em dezembro de 2000, o STJ recebeu um recurso dos advogados do esportista pedindo a diminuição da pena. Solicitaram ainda a suspensão condicional da pena e, em caso de negativa, sua substituição por penas alternativas, como a prestação de serviços à comunidade.
Além disso, o jogador teve de fazer acordos com as famílias dos envolvidos no acidente, que entraram na Justiça com pedidos de indenização.

Por Folha