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Casino pede para BNDES não financiar fusão Pão de Açúcar/Carrefour

O presidente do grupo francês Casino, Jean Charles Naouri, se reuniu na noite desta segunda-feira com Luciano Coutinho, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para reforçar sua posição contrária à fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour. A reunião foi reservada e os executivos não deram entrevista à imprensa após o encontro.
Naouri quer que o BNDES desista de financiar a operação. O BNDES, que a princípio estava apoiando as negociações, afirmou que só vai financiar a fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour se houver acordos amigáveis entre as partes. O banco disse que pode investir até R$ 4,5 bilhões no negócio.
A Folha apurou que Naouri reclamou que ainda não recebeu a proposta oficial de fusão entre os dois grupos, mais de uma semana após o anúncio oficial da operação.
Abilio Diniz disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que enviou a proposta no dia 28 de junho.
Para que a documentação seja apresentada, é necessário que seja convocada uma reunião da Wilkes, a holding que controla a varejista brasileira e cujo capital é dividido entre o Casino e a família Diniz. O Casino possui 43,1% das ações do Wilkes.
O grupo francês tem adquirido ações preferenciais do Pão de Açúcar no mercado brasileiro a preços relativamente altos para elevar sua participação na holding controladora da rede varejista brasileira.
Nesta segunda-feira, o Casino anunciou a abertura de um segundo procedimento em tribunal internacional contra Abílio Diniz.

CARREFOUR
 
Mais cedo, o conselho de administração do Carrefour apoiou o plano de fusão, estratégia que pode elevar a proporção das vendas vinda de mercados em crescimento para mais de 40% em 2013, informou a companhia. "Esta transação, se completada, vai levar à criação de uma grande empresa de varejo no Brasil, o terceiro maior mercado do mundo em termos de gasto com alimentos", informou o Carrefour.
O Casino, por sua vez, afirmou em comunicado que o apoio do Carrefour à fusão pode implicar em responsabilização da rede "e dos membros do seu conselho por aceitarem, apesar de repetidos alertas, uma transação hostil, resultado de negociações ilegais".
Em série de entrevistas concedidas no Brasil na semana passada, Diniz afirma que não violou o acordo de acionistas que mantém com o Casino por meio da holding Wilkes e que chegou a informar o presidente do Casino sobre a ideia de fusão com o Carrefour.

GOVERNO
 
O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) afirmou hoje que o governo não irá mais se manifestar sobre as negociações envolvendo o Carrefour e o Pão de Açúcar para não atrapalhar as negociações entre as empresas.
Pimentel também afirmou que o BNDES tem autonomia para decidir se participa ou não dessa operação de fusão entre as empresas supermercadistas.
"O que tínhamos a dizer sobre isso, já dissemos. Agora, qualquer declaração pode atrapalhar o andamento das negociações que estão em curso neste momento entre grupos privados. O governo não deve se manifestar. Vamos aguardar a solução natural das coisas", limitou-se a dizer o ministro após o velório do presidente Itamar Franco no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte.

OPOSIÇÃO
 
A oposição quer aprovar audiência pública no Senado para discutir o uso de verbas do BNDES para financiar a aquisição da operação brasileira do Carrefour pelo Pão de Açúcar.
De acordo com o líder tucano no Senado, Alvaro Dias (PSDB-PR), o PSDB irá solicitar a audiência à CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) da casa.
O senador, de acordo com a Agência Senado, disse que, se o requerimento for aprovado, serão convidados o presidente do BNDES, Luciano Coutinho; o presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz; e um representante do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica); entre outros.
Dias afirmou que o eventual financiamento do BNDES a essa operação "é um escândalo e representa um caso de Robin Hood às avessas, já que retira recursos dos pobres para dar aos ricos".
Coutinho já avisou Diniz que o governo Dilma Rousseff não vai sustentar a operação se houver conflito entre os sócios.

Por Folha