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Termina a reconstituição do caso Juan, no Rio de Janeiro

A polícia civil terminou, às 2h deste sábado (9), a reconstituição do caso Juan. O menino de 11 anos desapareceu no último dia 20 após confronto entre policiais e traficantes na favela Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. 
Seu corpo foi encontrado na semana passada, a poucos quilômetros de onde foi visto pela última vez.
Os quatro policiais militares que participaram da operação e mais três que auxiliaram chegaram para a reconstituição por volta das 22h.
Cada um deu a sua versão para o caso. Ninguém falou com a imprensa.

TESTEMUNHA

Uma dona de casa disse nesta sexta-feira ao "Jornal Nacional", da TV Globo, ter visto o menino Juan Moraes, 11, ser morto por policiais militares na favela Danon, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, no último dia 20. O corpo da criança foi encontrado dez dias depois às margens de um rio na região.
"Primeiro eles mataram um bandido. Logo após o Juanzinho saiu correndo. Eles mataram o Juan e correram atrás do irmão do Juan. O que aconteceu, eles mataram o Juan, esconderam embaixo do sofá e 30 minutos depois eles foram, apanharam o Juan e jogaram dentro da viatura", contou a testemunha, que não foi identificada.
Ainda segundo o relato da mulher, os policiais voltaram à favela no dia seguinte para queimar o sofá a fim de eliminar provas do crime. O móvel, segundo ela, tinha sido abandonado no local por um morador.
Hoje, peritos realizam a reconstituição da ação policial na favela. O trabalho começou de manhã e ainda não foi concluído.

SUSPEITOS
 
Quatro policiais militares foram afastados das ruas e transferidos para o quartel central. Eles não estão presos, mas com a transferência deixam de receber uma gratificação de cerca de R$ 400.
Eles prestaram depoimento na Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense na terça-feira (5), por 13 horas. A polícia também analisa as informações do localizador via satélite instalado nos veículos da PM que estavam no local.
O advogado dos policiais diz que eles são inocentes.

CORPO
 
Na quarta-feira, a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, disse que o corpo da criança foi achado uma semana antes às margens de um rio em Nova Iguaçu. Ele foi identificado inicialmente pela perícia como o de uma menina, mas exames de DNA comprovaram que se tratava de Juan.
O IML (Instituto Médico Legal) ainda não concluiu o laudo que apontará de que forma ele foi morto. Testemunhas afirmaram à polícia que o menino levou um tiro no pescoço.
O perito legista Abrão Lincoln de Oliveira, presidente da Associação Fluminense de Medicina Legal, disse ter visto o corpo no IML, com fraturas no braço, na coxa e na perna esquerda. "Pareciam ter sido causadas por tiros", disse.
A perita que identificou o corpo como o de uma garota será alvo de sindicância. Para a polícia, ela foi "precipitada".
O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) disse que pedirá esclarecimentos aos peritos que analisaram o corpo do menino. Além disso, Freixo diz ter ouvido de moradores da região que Juan foi colocado dentro de um carro da PM após o confronto, e que o fato de o corpo ter sido achado próximo ao 20º Batalhão reforça a tese de envolvimento direto de policiais.
O comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, disse que, se ficar comprovada a culpa dos policiais, eles serão expulsos da corporação.

Por Folha