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Jaqueline Roriz se livra de cassação na Câmara

A deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) se livrou da cassação. Em votação secreta, 265 foram contrários à punição, 166 a favor e 20 se abstiveram, nesta terça-feira (30). Eram necessários 257 (maioria absoluta) para que Jaqueline perdesse o mandato.
Como previam os líderes do governo e da oposição, o sigilo do voto acabou levando ao arquivamento do processo contra a filha do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz. O pedido de cassação havia sido aprovado há dois meses pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. O relatório do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) recomendando a perda do mandato fora aprovado, na ocasião, por 11 votos a 3, em votação aberta.
Jaqueline foi filmada em 2006, antes de ser eleita deputada distrital, recebendo uma quantia em dinheiro de Durval Barbosa, operador e delator do esquema chamado mensalão do DEM do Distrito Federal. O vídeo só foi divulgado em março deste ano e, por isso, Carlos Sampaio considerou que suas repercussões são atuais. Na defesa de seu relatório no plenário, Sampaio afirmou que os deputados tinham "legitimidade para julgar fato pretérito quando esse fato não é conhecido". Porém, não foi o que entenderam os parlamentares no plenário.
Jaqueline reconheceu, quando a gravação veio à tona, que recebeu o dinheiro para caixa dois de sua campanha no Distrito Federal. Sua defesa argumentou nesta terça-feira (30), entretanto, que a Câmara dos Deputados não poderia julgar o fato ocorrido quando ela ainda não era deputada. "Fato praticado fora do exercício do mandato parlamentar não tem o poder de configurar ato atentatório à ética e ao decoro parlamentar", afirmou o advogado de Jaqueline Roriz, José Eduardo Alckmin, que citou decisão do Conselho de Ética da Câmara em 2007.
Em seu discurso, Jaqueline não falou sobre o vídeo e sobre o dinheiro recebido. Ela afirmou que foi vítima de um "jornalismo predatório" e de "implacável condenação por parcelas da mídia". Jaqueline também criticou o procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, que a denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada: "Alguns paladinos da ética, alguns parlamentares e integrantes do Ministério Público, por interesses políticos, tentam influenciar os senhores. O procurador me denunciou sem nem ouvir o meu lado."

Por Época