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PMs são indiciados por atirar contra ônibus sequestrado no Rio

Dois policiais militares foram indiciados por lesão corporal, por conta dos tiros disparados contra um ônibus sequestrado na noite de terça-feira (9), no Rio de Janeiro. Os nomes dos policiais nãos foram divulgados. 
A delegada Sania Burlandi, substituta da 6ª DP (Cidade Nova) do Rio, confirmou que todos os 14 disparos que atingiram o ônibus foram feitos de fora do veículo.
 
FORA DE PROTOCOLO
 
Nesta quarta-feira (10), o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou, por meio de nota, que "houve erro" na maneira como policiais tentaram parar o ônibus sequestrado, no centro do Rio.
"Foi uma operação complexa, houve erro na forma com que a polícia tentou parar o ônibus, porém em um segundo momento os policiais militares conseguiram evitar o que poderia de pior acontecer. O cerco com as viaturas e a bem sucedida negociação com os assaltantes foram fundamentais para o desfecho que culminou na rendição deles e a libertação dos reféns", diz a nota.
O comandante da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Mário Sérgio Duarte, admitiu ontem que os policiais tiveram ações "fora do protocolo" no cerco ao ônibus sequestrado.
Durante entrevista coletiva, Duarte ressalvou, porém, que os erros "levaram ao resgate de 11 passageiros e à prisão de três assaltantes envolvidos no sequestro".
"A rigor, tiros não deviam ter acontecido. Mas, paradoxalmente, foi o que parou o ônibus guiado por uma pessoa que nem sabíamos se tinha habilitação", disse o comandante sobre os 16 disparos feitos para furar os pneus do veículo depois dele ter furado o cerco montado pelos PMs.
A delegada Sania Burlandi, substituta da 6ª DP (Cidade Nova) do Rio, confirmou que todos os 14 disparos que atingiram o ônibus foram feitos de fora do veículo.
 
SEQUESTRO
 
O ônibus da Viação Jurema, com cerca de 20 passageiros a bordo, fazia o trajeto Praça 15-Duque de Caxias quando foi invadido, por volta das 19h30, por um grupo armado na avenida Presidente Vargas, no centro do Rio.
O motorista do ônibus alertou policiais militares que estavam próximos da Universidade Estácio de Sá de que havia algo errado no veículo. O comandante Duarte afirmou que os policiais estavam a pé, e, quando perceberam que havia homens armados, acionaram os colegas.
Policiais militares do batalhões do Méier, de São Cristóvão e da Praça Tiradentes, do Batalhão de Policiamento de Choque e do Bope (Batalhão de Operações Especiais) foram destacados.
A polícia montou dois bloqueios, mas o ônibus furou os cercos. Uma nova barreira foi montada na pista sentido praça da Bandeira da Presidente Vargas, na altura do Sambódromo.
Quando os policiais perceberam que o veículo não pararia, dispararam e furaram os pneus.
Apesar da confirmação do coronel Duarte de que os criminosos não atiraram dentro do ônibus, a informação divulgada na terça-feira (9) pela polícia dava conta de que ocorrera uma troca de tiros.
Os passageiros do ônibus, no entanto, foram categóricos ao afirmar que os disparos vieram de fora do veículo. "As vítimas disseram que os assaltantes não dispararam um só tiro dentro do ônibus", confirmou a delegada Gisele Rosemberg, que colheu depoimentos na 6ª DP.
Dois criminoso se entregaram e dois fugiram. Bruno da Silva Lima e Renato da Costa Júnior se entregaram após uma curta negociação com agentes do Bope (Batalhão de Operações Especiais). Com os dois, foram encontradas três pistolas e uma granada.
Jean Júnior da Costa Oliveira foi preso pouco depois de dar entrada no hospital São Lucas, em Copacabana, zona sul da cidade, com um tiro na perna --os funcionários suspeitaram do caso e o denunciaram à polícia.
O quarto suspeito, Clerivan da Silva Mesquita, ainda é procurado pela polícia.
Por Folha