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Governo nega pressão política no Copom

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou na tarde desta quinta-feira (1) que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) tenha sofrido pressões políticas para reduzir a taxa básica de juros, a Selic. Ele também disse, uma vez mais, que o (BC) tem autonomia para executar a política monetária.
“Isso é bobagem [eventuais pressões políticas sobre o comitê]. O Copom não sofre nenhuma pressão política, tem autonomia e eles julgam os cenários e tomam as decisões”, declarou o ministro antes de embarcar para São Paulo. Nesta quarta-feira (31), o Copom reduziu a taxa Selic, que indica os juros básicos da economia, de 12,5% para 12% ao ano. Foi a primeira vez, desde junho de 2009, que a taxa caiu.
Mantega alegou ser melhor esperar a ata da reunião, que só será divulgada na próxima quinta-feira (8). Ele, no entanto, classificou de positiva a decisão do Copom. “É melhor esperar a explicação da ata do Copom. Se eles fizeram [reduziram os juros], é muito positivo, mas o que vale é a avaliação deles”, disse.
A presidente Dilma Rousseff também fez questão de afirmar que o Banco Central tem autonomia para tomar decisões. “Desde o governo do ex-presidente Lula, e até anteriormente a ele, optou-se por uma relação entre o governo e o Banco Central de autonomia. Acredito que a situação internacional mudou o sentido do que estava acontecendo, porque vimos três aumentos de taxas de juros no início do nosso governo. Acredito que, dependendo do que ocorrer na conjuntura internacional, teremos um aumento ou diminuição [dos juros], não dá para, de forma muito antecipada, prever isso”, disse Dilma, em entrevista na Base Aérea de Belo Horizonte, de onde a presidenta seguia para a cidade mineira de Jeceaba para participar da inauguração do complexo siderúrgico.
Na avaliação da presidente, a crise econômica terá duração longa, de mais de dois anos, e as consequências ditarão o ritmo de algumas decisões econômicas daqui para frente. “Ninguém sabe como vai se comportar, se houver quebra de banco é um cenário, se a crise continuar com as economias internacionais com processo de estagnação, na melhor hipótese, e de depressão, na pior hipótese, temos outra configuração.”
A presidente voltou a dizer que o Brasil deve usar a crise econômica como uma oportunidade para fortalecer as indústrias e o mercado interno. “O governo mantém o investimento, programas sociais, estimula a economia, mas tem que dar um exemplo de austeridade, por isso aumentamos nosso superávit em R$ 10 bilhões, porque achamos que se abre uma oportunidade com essa crise”, destacou. "Para isso temos que nos fortalecer economicamente, melhorar a gestão pública e tirar disso todas as oportunidades para que o Brasil transforme os efeitos dessa crise em seu favor”, disse.

Líder do governo diz que BC “mostrou sua independência” 

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse nesta quinta-feira (1) que o Banco Central (BC) “mostrou sua independência” ao reduzir a taxa básica de juros. “Apesar daqueles que querem ganhar muito com os juros altos. Pressionaram bastante, mas o BC mostrou sua independência.”
Para Vaccarezza, o BC analisou as condições macroeconômicas do país ao tomar a decisão de reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, fixando-a em 12% ao ano. “Espero que continue o fluxo de baixar o juros no país porque é um consenso que os juros estão muito altos e ninguém quer isso”, comentou.
O deputado disse, ainda, que o governo vai estudar uma forma de garantir a fonte de financiamento para a regulamentação da Emenda 29, que destina recursos para a saúde. Entre as propostas, segundo Vaccarezza, estão a taxação de seguro obrigatório para carros de luxo, a cobrança de lucros e dividendos das empresas que fazem remessas para o exterior e até a legalização de jogos. “Esse será um bom debate com a sociedade”, disse.
Vaccarezza destacou que, embora os recursos para a saúde estejam mais altos hoje do que há nove anos, ainda não são suficientes. Em 2002, foram R$ 24,7 bilhões, sendo R$ 10 bilhões provenientes da extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Em 2010, foram R$ 62 bilhões. Este ano, serão R$ 71,5 bilhões. “Nós queremos garantir a universalidade à saúde, e garantir isso só com os recursos orçamentários não é suficiente”.
Por Época