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Prefeitura de Teresina anula aumento do ônibus após protestos

O prefeito de Teresina, Elmano Férrer (PTB), suspendeu nesta sexta-feira (2) o reajuste de 10,53% na tarifa de ônibus coletivo urbano.
Com a decisão, tomada no quinto dia de protestos intensos na capital piauiense, a passagem volta a custar R$ 1,90, e não mais R$ 2,10 como havia sido estipulado em decreto municipal do último sábado (27).
Nos últimos cinco dias, manifestantes e policiais militares entraram em confronto nas ruas de Teresina. Mais de 30 ônibus foram apedrejados e outro, incendiado. Ontem, a frota foi retirada de circulação, deixando mais de 200 mil teresinenses sem o serviço.
O prefeito hoje anunciou que o reajuste da tarifa será suspenso por 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30, até a conclusão de uma auditoria --com participação da prefeitura, dos estudantes e do sindicato dos empresários de ônibus-- na planilha de custos do sistema de transportes.
"É preciso ser humilde nessas horas. Se a planilha apontar que a passagem custa R$ 1,60 ou R$ 1,70, ela será reduzida", disse Férrer, em entrevista concedida no Palácio da Cidade.
O prefeito afirmou ainda que o reajuste foi concedido com base na planilha de custo que apontava um reajuste para R$ 2,20, mas ele optou por aumentar para R$ 2,10. Férrer disse que buscará entendimento com o governo do Estado sobre uma proposta de desoneração dos impostos, a fim de baratear a tarifa.
Concentrados em frente à Câmara Municipal, os estudantes comemoraram a decisão e distribuíram flores. Eles estavam protestando na avenida Marechal Castelo Branco, zona norte de Teresina, quando souberam da redução do valor da passagem.
Gisvaldo Oliveira, integrante do Fórum Estadual em Defesa do Transporte Público, disse que o movimento dará uma trégua de 30 dias para a prefeitura. "São mais de 20 anos de reajustes sucessivos, e a população não aguenta mais. Nossa ideia foi ocupar as ruas e denunciar esse conluio que existe entre os empresários e a prefeitura", disse.
 
SUBSÍDIOS
 
O presidente do Setut (Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Teresina), Herbert Miúra, desaprovou a medida. Segundo ele, a redução da tarifa só ocorrerá se houver subsídios para impostos e queda na gratuidade. Hoje, 1 milhão das 7 milhões de viagens mensais são gratuitas, concedida a policiais, agentes penitenciários, oficiais de Justiça, idosos e pessoas com deficiência.
Segundo o Setut, as empresas gastam cerca de R$ 12 milhões por mês com o sistema de transportes.

Por Folha