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Cristina Kirchner se reelege na Argentina com votação histórica

A presidente argentina, Cristina Kirchner, reelegeu-se para um novo mandato de quatro anos ao conquistar uma vitória esmagadora nas eleições deste domingo, com 53,7% dos votos, cerca de 35 pontos de diferença para o segundo colocado, o socialista Hermes Binner (17%).
Com mais de 90% das urnas apuradas, o terceiro lugar permanecia com o candidato Ricardo Alfonsín (11,2%), da União Cívica Radical, segundo maior partido do país. Atrás, seguiam os peronistas dissidentes Rodriguez Saá, com 8%, e Eduardo Duhalde, com 6%.
Advogada peronista de 58 anos, Cristina obteve a maior vantagem do primeiro para o segundo colocado em uma eleição presidencial desde a restauração da democracia no país em 1983.
Com o resultado, Cristina também será a terceira mandatária argentina a exercer o poder em períodos consecutivos --os outros foram Juan Domingo Perón e Carlos Menem.
Cerca de 76% dos eleitores --28,6 milhões dos argentinos-- votaram no domingo em uma jornada que transcorreu com absoluta normalidade.
As pesquisas de boca de urna divulgadas pela televisão já indicavam a reeleição de Cristina com cerca de 55% dos votos.
Logo após a divulgação dos primeiros dados da apuração oficial, na noite de domingo, Cristina se declarou vitoriosa em um discurso realizado diante de centenas de partidários reunidos em frente ao hotel Intercontinental, no centro de Buenos Aires, que serviu de quartel-general da sua campanha.
Durante uma emotiva mensagem na qual apelou para a "união nacional", a mandatária lembrou de seu falecido marido, Néstor Kirchner (2003-2007), e reconheceu o papel dele em sua vitória durante.
"Néstor Kirchner é o grande fundador da vitória desta noite e sem as coisas que ele se atreveu a fazer teria sido impossível chegar até aqui", afirmou Cristina.
"Quando penso nele em 2003 e seus 22% de votos, meu Deus, tudo o que pôde fazer, e vejo hoje estes números, que são impressionantes e que agradeço infinitamente. São números que se os pensássemos há dois anos, nos teriam tratado como loucos", disse.
"Tenho a honra de ser a primeira mulher reeleita do país. Que mais posso querer. A única coisa que quero é contribuir com a mais alta responsabilidade a continuar engrandecendo a Argentina", disse, visivelmente emocionada.
"Quero ser uma pessoa que ajudou a mudar a história com o resto dos argentinos", declarou Cristina, antecipando sua intenção de "continuar aprofundando um projeto de país para 40 milhões de argentinos".

CUMPRIMENTOS

Durante seu discurso, Cristina agradeceu as ligações que vários mandatários da região lhe fizeram, entre eles a presidente Dilma Rousseff.
"A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, me disse palavras muito doces, as agradeço muito", declarou.
Cristina citou também os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez; do Uruguai, José Mujica; do Chile, Sebastián Piñera; da Colômbia, Juan Manuel Santos; e do Paraguai, Fernando Lugo.

FORÇA
 
Cristina venceu em todo o país salvo na pequena província de San Luis --berço do candidato presidencial Alberto Rodríguez Saá-- e bateu recordes históricos nas regiões mais empobrecidas.
A moderação e os apelos à unidade que marcaram o último ano de governo, desde que ficou viúva do ex-presidente Néstor Kirchner, foram, segundo analistas locais, decisivos para virar o quadro de desgaste que tinha acumulado na primeira etapa da gestão que estreou em 2007.
Além disso, Cristina manteve a política de direitos humanos iniciada por seu marido, com os julgamentos dos repressores da ditadura militar (1976-1983), melhorou significativamente pensões e salário mínimo e aprofundou em estratégias populistas de subsídios, como a ajuda universal por filho.
Políticas que, em conjunto, permitiram ampliar seus apoios na parte da classe média urbana como demonstra seu triunfo, sem precedentes, na cidade de Buenos Aires, governada pelo conservador Mauricio Macri.

 Por Folha