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Beltrame diz esperar que Nem forneça dados sobre tráfico e corrupção

A prisão de Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem --apontado como o chefe do tráfico de drogas na favela da Rocinha--, pode resultar em informações sobre o organograma do crime e corrupção policial. Em entrevista à Rede Globo, o secretário da Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou nesta segunda-feira que a polícia espera que Nem contribua com as investigações.
"Seria uma oportunidade importantíssima o oferecimento de alguma medida judicial para que ele pudesse contribuir com a Justiça e, obviamente, com a polícia", disse o secretário ao telejornal "Bom Dia Brasil". Medida que costuma ser aplicada é a da delação premiada, quando o criminoso coopera com a investigação e tem a pena reduzida pela Justiça.
O traficante foi preso na semana passada, no porta-malas de um carro, quando tentava fugir. Um dos policiais militares que participaram da prisão disse que os homens que ajudavam Nem na tentativa de fuga chegaram a oferecer R$ 1 milhão de suborno.
Para o secretário, Nem pode ajudar também a identificar casos de corrupção.
"Ele [Nem] tem conhecimento não só da arquitetura do tráfico como o assédio que ele, em tese, teria, no que diz respeito a corrupção. Nós esperamos ansiosamente que ele possa nos dar qualquer tipo de dado para que a gente puxe esse novelo", disse o secretário à GloboNews.
"As polícias querem esclarecer essas situações. Se isso [corrupção] é muito ruim, se isso dói, se isso é vergonhoso, se isso nos deixa mal, é essa mesma polícia que está fazendo um trabalho belíssimo. Essa mesma polícia está pacificando áreas", afirmou.
Forças de segurança ocuparam a Rocinha na madrugada de domingo (13), sem que tiros fossem disparados. Casas de luxo usadas pelos traficantes foram revistadas.
De acordo com o secretário, esses imóveis e equipamentos --considerados bens do tráfico-- podem ser destinados à comunidade ou ao governo. Segundo ele, uma das casas poderia ser uma base operacional da polícia, por exemplo, mas isso ainda depende de avaliação das autoridades.

Por Folha