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Falta de substituto emperra demissão de Carlos Lupi

A falta de um substituto emperrou a demissão imediata do ministro Carlos Lupi, do Trabalho. Além disso, a briga entre Força Sindical e Central Única dos Trabalhadores (CUT) pelo posto tumultuou uma solução para a crise que se arrasta há um mês e que recrudesceu com a decisão da Comissão de Ética da Presidência da República em pedir a exoneração do ministro.
O nome natural para substituir Lupi agora seria o do secretário-executivo, Paulo Roberto Pinto. Ele, porém, não goza da confiança do Palácio do Planalto e também tem forte ligação com o ministro do Trabalho. Diante do quadro de incerteza, a presidente Dilma Rousseff optou por ganhar tempo e esperar mais explicações de Lupi à Comissão de Ética.
O PDT, partido de Lupi, já considera difícil a manutenção do comando da pasta até com a presença de outro ministro. “Eu, pessoalmente, acho que a gente deveria entregar esse cargo”, avalia o presidente em exercício do PDT, deputado André Figueiredo (PDT-CE). “Numa eventual reforma ministerial, seria salutar um rodízio de pastas”.
Já a ala do PDT ligada ao deputado Paulo Pereira da Silva, o presidente da Força Sindical, ainda luta para manter o comando do Trabalho ou, no mínimo, evitar que a pasta fique subordinada a um integrante do PT. Na avaliação dessa ala, qualquer petista que assuma o Trabalho agirá de acordo com os interesses da CUT.
Antes de Lupi, o Trabalho foi comandado por Luiz Marinho (PT), atual prefeito de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo). Ligado ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Marinho também foi presidente da CUT entre 2003 e 2004. Em 2005, ele assumiu o Trabalho. Ele deixou a pasta em 2007 e assumiu a Previdência. Em 2008, foi eleito prefeito de São Bernardo.
Como iG antecipou no começo de novembro, Lupi acertou sua saída do ministério para janeiro, antes mesmo do aumento de denúncias contra ele. Após a série de reportagens mostrando irregularidades na pasta, o ministro resolveu resistir publicamente para “não sair com fama de corrupto”, como definiu o deputado Paulo Pereira da Silva.
O presidente da Força avaliou que errou ao dar declarações contra a Comissão de Ética da Presidência da República. Ele não sabia que o atual presidente do colegiado era Sepúlveda Pertence, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal.
Por iG