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Ministro da Educação do Chile renuncia após ano de intensos protestos

O ministro da Educação do Chile, Felipe Bulnes, renunciou ao cargo nesta quinta-feira, sendo o segundo a abandonar a chefia da pasta nos últimos cinco meses, após intensos protestos de estudantes que atingiram o país em 2011. O ministro da Agricultura, José Antonio Galilea, também afastou-se do governo de Sebastían Piñera, que passa por alterações em seu gabinete pela quarta vez em menos de um ano.
"No dia de hoje, o presidente aceitou a renúncia dos ministros da Educação, Felipe Bulnes, e da Agricultura, José Antonio Galilea", anunciou o porta-voz do governo, Andrés Chadwick.
Após ocupar o cargo por pouco mais de cinco meses, Bulnes alegou "razões pessoais" para a demissão, indicou o porta-voz.
Bulnes, que antes foi ministro da Justiça, assumiu no dia 18 de julho passado, em substituição a Joaquín Lavín, ex-prefeito de Santiago, questionado pelos estudantes por seus vínculos com uma universidade privada.
Em meio aos protestos, ele chegou a reunir-se com os estudantes em apenas duas ocasiões. Pouco depois as lideranças dos movimentos por trás das manifestações interromperam o diálogo por considerar que o governo não tinha intenções de de avançar com as reformas exigidas.
Os estudantes, que iniciaram seus protestos em abril, querem acabar com um sistema herdado da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que reduziu pelo menos para a metade o aporte público à educação.
Quanto à substituição do chefe da pasta de Agricultura, não houve razões específicas informadas por Galilea ou pelo governo, que deixou transparecer tratar-se apenas de um ajuste de gabinete.
O ministério da Educação será ocupado, agora, por Haral Beyer, engenheiro comercial e especialista em questões de educação do Centro de Estudos Públicos (CEP). Já o ministério da Agricultura irá para Luis Mayol, até agora presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e proprietário de várias empresas agrárias.
 
POPULARIDADE
 
As mudanças de gabinete do governo chileno chegam no mesmo dia em que o índice de popularidade do presidente Sebastián Piñera voltou a registrar queda e atingiu 22%, seu pior nível para um chefe de Estado chileno desde 1990, quando o país retomou a democracia após um período de ditadura militar.
A baixa aprovação foi divulgada pelo Centro de Estudos Públicos (CEP).
De acordo com a sondagem, 77% da população do Chile desaprova a gestão de Piñera. Carolina Segovia, funcionária do CEP, apontou que as mobilizações estudantis --que tiveram o apoio de mais de 60% dos chilenos-- continuam a afetar o governo.
Questionada se existe a possibilidade do índice de aprovação cair ainda mais, Segovia relembrou que a escala vai "de 1 a 100", e que o ex-presidente do Peru Alejandro Toledo (2001-2006) chegou a registrar 4% de apoio, um recorde regional.
A popularidade de Piñera, que assumiu a Presidência em março do ano passado, entrou em declínio após a operação de resgate dos 33 mineiros em outubro de 2010, quando atingiu seu maior nível de aprovação (63%).

Por Folha