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Movimento racha e greve de Natal fracassa em aeroportos

A greve dos aeroviários, trabalhadores de terra das companhias aéreas, iniciada, nesta quinta-feira à tarde, em Galeão, Brasília, Confins, Fortaleza e Salvador não saiu como os trabalhadores esperavam para a sorte dos passageiros que lotavam os aeroportos. Segundo dados da Infraero, o percentual de voos com atrasos superiores a 30 minutos, até as 21h desta quinta-feira, era de 24,7%, bem menor do que o registrado em 22 de dezembro do ano passado, 38,4%.
O movimento perdeu força sem o apoio dos aeronautas - que trabalham nas aeronaves, como pilotos e comissários - que fecharam um acordo com as empresas de reajuste 6,5%. Além disso, os próprios aeroviários adotaram estratégias diferentes país afora. Em São Paulo, por exemplo, apesar de não ter chegado ao um acordo com os patrões na audiência do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), a categoria decidiu adiar a greve em 72 horas, remarcando assembleia para segunda-feira. Os aeroviários de Porto Alegre e Recife fecharam acordo com o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea).
Segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, a greve foi antecipada para as 16h desta quinta-feira, porque assim a categoria ficaria livre de cumprir a liminar do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que decidiu, na quarta-feira, pela obrigatoriedade de 80% do efetivo estar trabalhando neste fim de ano sob pena de multa no valor de R$ 100 mil diários. O Snea queria que o percentual mínimo fosse de 90% de trabalhadores em seus postos nos dias mais críticos do período das festas.
— A liminar fala sobre greve nos dias 23 e 24. Para o dia 22, que é hoje, estamos liberados— afirmou Selma.
A sindicalista afirmara ainda que havia uma tentativa de forçar os aeroviários a dobrarem o turno. Selma denunciou ainda práticas irregulares da Infraero e das companhias aéreas.
— As empresas conseguiram que a Infraero liberasse portões irregulares para entrada de funcionários,que não tem sequer raios X. Nossa classe está mobilizado e em pouco tempo vamos parar esse aeroporto (Galeão). Não adianta fazer check in se a mala não chegar ao avião — disse Selma.
A gaúcha Alexandra Borges, que embarcou hoje para passar o Natal com a família, em Porto Alegre, disse que não teve problemas para fazer o check in e que após o embarque houve um pequeno atraso na decolagem:
— O piloto informou que a demora era decorrente ao reduzido número de funcionários para embarcar as bagagens, mas o atraso não foi maior do que dez minutos.
Como é esperado na antevéspera de Natal, o movimento, na noite desta quinta-feira, é bastante intenso nos aeroportos internacionais de Brasília e do Rio, mas as companhias aéreas atendem normalmente os passageiros. O check in funciona normalmente e não há sinais de interrupção do trabalho do pessoal de terra em outras áreas dos terminais. Sindicalistas estiveram nos aeroportos no fim da tarde, mas à noite não se via mobilização de grevistas.

Sindicato de aeroviários de SP protocolou estado de greve no TRT nesta quinta

O presidente Sindicato dos Aeroviários de São Paulo, Reginaldo Alves de Souza, protocolou nesta quinta-feira o estado de greve no TRT. Isso significa dizer que, pela lei, a categoria não poderá paralisar suas atividades pelas próximas 72 horas. Durante a audiência do TRT-SP, o desembargador Jonas Santos de Brito sugeriu às companhias aéreas que pagassem 7% de reajuste (6,56% do IPCA mais 0,44% de aumento real). Os trabalhadores disseram que aceitavam os 7%, mas o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) se negou a ir além dos 6,5%.
— Não vai ter greve até a próxima segunda-feira, mas depois voltaremos a pressão — avisou o presidente do Sindicato dos Aeroviários de São Paulo.
Nesta manhã, manifestação de aeroviários no Aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo, causou atrasos e cancelamentos de voos. Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aéreo, cerca de 50 funcionários da TAM cruzaram os braços por volta de 5h e 6h, mas a situação já estava normalizada no principal aeroporto do país. Souza, presidente do sindicato, disse que a paralisação atingiu cerca de 70% do pessoal de pátio e pista escalados para o turno da manhã.
O engenheiro Fábio Delli perdeu uma reunião de trabalho em Brasília. O voo que partiria de Congonhas às 8h30 foi cancelado. Ele também tentou, sem sucesso, embarcar às 9h30. A TAM havia remarcado o voo para às 10h30, mas como a reunião de Delli aconteceria às 10h, ele desistiu da viagem.
Mais cedo, a TAM confirmou que os voos de e para São Paulo/Congonhas foram afetados por uma paralisação parcial de funcionários do setor de rampa, responsáveis pelo manuseio de cargas e bagagens e pelos equipamentos de solo que atendem as aeronaves. Ainda segundo a TAM, a companhia antecipou, na terça-feira, 10% de reajuste nos pisos salariais, que inclui os funcionários de rampa. E reajuste de 6,17%, equivalente ao INPC de dezembro de 2010 a novembro de 2011, a todos os demais funcionários da companhia. Foi concedido aumento de 10% nos valores do vale-refeição e do vale-alimentação (cesta básica) e a criação do piso salarial para a função de Operador de Equipamento, no valor de R$ 1 mil.
A companhia orientou os passageiros com voo marcado a ligar para a Central de Atendimento (4002-5700, capitais, ou 0800 5705700, para todo o Brasil) para obter informações.
A GOL também informou que algumas de suas decolagens sofreram atraso por causa da manifestação.

Por O Globo