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Réveillon na cidade será vigiado por 800 câmeras

Sorria: neste réveillon, mais do que nunca, haverá alguém dando uma espiadinha em você. A festa da chegada do ano novo, em Copacabana e outros pontos do Rio, será a mais vigiada de todos os tempos, num autêntico Big Brother. Além de 800 câmeras espalhadas por toda a cidade — todas conectadas ao Centro de Operações —, a prefeitura vai estrear em Copacabana dois binóculos superpotentes, capazes de vigiar muito além de toda a extensão da Princesinha do Mar.
— Compramos binóculos com alcance de dez quilômetros (a orla de Copacabana tem 4,1 quilômetros). Vamos usá-los pela primeira vez no réveillon e passaremos a utilizá-los em outros grandes eventos. Os instrumentos estarão com agentes do Centro de Operações da prefeitura (COR), que vão se revezar nas coberturas dos hotéis Windsor Atlântica e Othon. Em caso de tumultos ou qualquer outra irregularidade, eles acionarão o COR pelo rádio. Isso dará agilidade aos órgãos responsáveis por resolver eventuais problemas — explica o coordenador do Centro de Operações, Sávio Franco.
Com a aquisição dos superbinóculos, a prefeitura aposentou a figura do agente responsável por circular em meio à multidão com uma câmera. Para a prefeitura, a desvantagem em relação aos binóculos era o raio de alcance do agente, menor do que o do equipamento.
A ampliação do monitoramento com câmeras é outra novidade. Inaugurado no réveillon passado para acompanhar a rotina do Rio, o Centro de Operações completa neste sábado um ano. As mais de 800 câmeras monitoradas pelos homens do COR estão instaladas em helicópteros, nas ruas e estações do metrô e dos trens para dar suporte à festa. Na virada de 2010/2011, apenas 93 câmeras da CET-Rio estavam conectadas.
Somente em Copacabana, a vigilância eletrônica contará com 86 câmeras fixas para vigiar a orla e os principais acessos à Avenida Atlântica. Na conta estão equipamentos da CET-Rio (36), da PM (10), dos organizadores (24) e da Metrô Rio (16). Em 2010/2011, somente 51 câmeras acompanhavam a festa no bairro.
— Copacabana é o foco principal. Mas não podemos esquecer que, como a previsão é de chuva e o réveillon cai num fim de semana, muita gente não viajou. A expectativa é que o público total, entre moradores e turistas, chegue a três milhões. Isso inclui os eventos da orla onde haverá queima de fogos ou shows (Copacabana, Flamengo, Ilha do Governador, Barra, Guaratiba, Sepetiba e Ilha de Paquetá), Igreja da Penha, Rocinha, Piscinão de Ramos e festas — diz o secretário de Conservação, Carlos Roberto Osório.
A fiscalização já elegeu alguns alvos. As câmeras serão usadas, por exemplo, para identificar concentrações de flanelinhas que tentam se aproveitar da pressa dos motoristas e sugerem que eles estacionem em áreas proibidas. Os ambulantes que conseguirem escapar do cerco montado pelo Choque de Ordem nos acessos a Copacabana também estarão na mira da fiscalização. Nem quem urina nas ruas vai escapar: guardas municipais serão deslocados para locais eventualmente eleitos pelos porcalhões.
O sistema também terá outras aplicações práticas. Uma delas é indicar para ambulâncias os trajetos com menor trânsito até hospitais, no caso de emergências. Sávio Franco acrescenta que o sistema de vigilância contará ainda com outros reforços.
— O Centro de Operações também terá um link para receber imagens dos helicópteros de emissoras de TV que vão transmitir o evento. Por isso, o total de equipamentos não é fixo. Além disso, um agente da CET-Rio vai sobrevoar a cidade de helicóptero para verificar a movimentação nos principais corredores de tráfego — diz Franco.
O chefe do Centro de Operações acrescentou que o réveillon passado serviu de aprendizado para o COR, que definiu algumas mudanças. Sugeriu, por exemplo, que a partir deste ano fossem criados bolsões para ônibus e táxis nos limites de Copacabana e bloqueios no trânsito na Avenida Nossa Senhora de Copacabana e na Rua Barata Ribeiro, das 23h30m às 4h. A ideia é facilitar a saída do público da orla após o término da queima dos fogos.
— A população terá que andar um pouco mais para ingressar no transporte coletivo, como acontece em outros países durante grandes eventos. Em compensação, fará isso com mais segurança, já que algumas vias estarão interditadas aos carros de passeio — acrescentou.
Se confirmadas as projeções da prefeitura, a noite do réveillon equivalerá a um dia de semana comum no Rio. O público estimado de todos os eventos, por exemplo, será equivalente a cerca de metade da população. Isso poderá sobrecarregar vias importantes da cidade, como a Autoestrada Lagoa-Barra e as avenidas Borges de Medeiros e Epitácio Pessoa, na Lagoa, entre outras.
— Por esse motivo é importante acompanharmos a rotina, não apenas de Copacabana, mas de toda a cidade. Com base nas imagens, poderemos mudar escalas de garis para atender a locais que estejam mais sujos — disse Carlos Roberto Osório.

Número de policiais nas ruas sobe 10%

A Polícia Militar também vai usar o sistema de monitoramento por câmeras de alguns batalhões para se antecipar às ações criminosas e identificar as possíveis rotas de fuga de criminosos durante as festas de réveillon. Ao todo, 7.200 policiais militares e 1.300 viaturas já estão fazendo a segurança da população desde sexta-feira. O efetivo é 10% maior que o do ano passado. A central do 19º BPM (Copacabana) tem 12 câmeras espalhadas pelo bairro, sendo oito instaladas na orla do bairro. O batalhão está atuando com 1.554 homens.
— A equipe da sala de operações foi orientada a dar uma atenção especial às câmeras instaladas na orla. Assim que é percebida uma movimentação suspeita, a central de rádios destaca uma viatura para o local — explicou o tenente-coronel Cláudio Costa, comandante do 19 BPM.
A segurança da orla do restante da orla da Zona Sul será vigiada ainda pelas oito câmeras do 23º BPM (Leblon), que foram instaladas em pontos estratégicos entre os bairros do Leblon, Ipanema, Lagoa e São Conrado. A unidade escalou 250 agentes para fazer o policiamento no dia do réveillon.
A única câmera instalada na orla da Praia da Barra da Tijuca pelo batalhão da área está em manutenção e não estará operando hoje. A solução encontrada pelo tenente-coronel Marcos Vinícios dos Santos Amaral, comandante do 31º BPM, foi munir seus agentes com câmeras para filmar e fotografar pessoas e atitudes suspeitas no meio do público que participará da festa da virada, organizada pela prefeitura em frente à Praça do Ó. O batalhão conta ainda com quatro câmeras instaladas nas Avenidas da América e Ayrton Senna.
A Guarda Municipal vai empregar, a partir das 7h deste sábado, 2.097 guardas, sendo 489 no trânsito, que estarão distribuídos em nove pontos.

Por O Globo