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São Paulo tem cerca de 80 aeroportos regionais sem segurança mínima

Ladrões entram no Campo dos Amarais, em Campinas, para roubar pilotos. Passageiro tenta pegar carona em avião já na pista do Aeroporto Leite Lopes, de Ribeirão Preto. Catadores de papelão circulam por hangares em Sorocaba. Esses são apenas alguns flagrantes da insegurança que atinge os quase 700 aeroportos regionais.
Preocupada com isso e com os grandes eventos que o Brasil receberá nos próximos anos, como a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, a Polícia Federal planeja assinar convênios com as polícias estaduais para aumentar a segurança de quem usa a aviação nacional.
“É inviável, em face das nossas atribuições, manter uma segurança nesses 700 aeroportos. Não há policiais disponíveis. Em razão disso, há um plano para que a PF fique só em grandes aeroportos internacionais ou de intensa movimentação de passageiros, como o de Congonhas”, confirma o delegado Roberto Ciciliati Troncon Filho, superintendente regional da PF em São Paulo.
Só em São Paulo são quase 80 aeródromos públicos. Incluem de pequenos aeroclubes a aeroportos com grande movimentação regional, como os de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Bauru. Mesmo pistas regulares são usadas sem qualquer restrição por traficantes de drogas e ladrões. Há suspeita, por exemplo, de que parte das joias roubadas no assalto à agência do Itaú tenha saído pelo Campo dos Amarais. E casos em que o assalto aconteceu na pista. Em setembro, um instrutor e um aluno ficaram sob ameaça de arma por cinco minutos, até que o suspeito revirasse a aeronave e fugisse, com dinheiro e pertences.
No restante do País, a situação não é diferente. Mesmo parte das pistas de pouso que recebem voos internacionais, como as de Uruguaiana (RS), Navegantes (SC), Corumbá (MS) e Boa Vista (RR), não conta com posto fixo da PF, que só é chamada quando há necessidade urgente. Segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), isso acontece porque a demanda por esse tipo de voo é pequena nesses locais.
A Polícia Federal tem 12 mil homens no Brasil inteiro. Só em São Paulo, a PM tem mais de 100 mil integrantes e a Polícia Civil, 36 mil. Parte desse contingente ficaria responsável pelos aeroportos. A possibilidade de parceria foi definida pelo Programa Nacional de Segurança da Aviação Civil Contra Atos de Interferência Ilícita (Pnavsec), de maio de 2010. Até agora, porém, não houve acerto.

‘Carona’. Responsável pelo setor de Comunicação da PF em Ribeirão Preto, o delegado Edson Gonçalves de Souza diz que o Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) poderá auxiliar futuramente no controle do tráfego aéreo. Mas reconhece que a parceria com Estados é fundamental para evitar problemas em terra. “Não tem jeito. É preciso contar com apoio das secretarias estaduais de segurança pública.”
Segundo ele, em Ribeirão Preto a PF já foi chamada às pressas no Aeroporto Leite Lopes para retirar invasores da pista. Em um dos casos, um homem tentava cortar caminho para chegar mais rápido em casa. Em outro, queria pegar “carona” em um avião durante uma decolagem.
Em Sorocaba, catadores de papelão também chegam à pista sem obstáculos. O aeroporto fica em área densamente habitada e tem muros baixos.

Colaboração. Comandante da PM em São Paulo, o coronel Álvaro Batista Camilo é a favor do acordo. “Oficialmente, não chegou nada, mas já ouvimos falar a respeito disso. Não há problema, podemos colaborar com a PF, mesmo porque eles têm carência de braços. Se houver necessidade, podem contar conosco”, avisa. A Secretaria de Segurança Pública também disse que a iniciativa do convênio deve partir da União. Mas, se for necessário, conta com estrutura para colaborar.

Por Estadão