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Ministro privilegia filho deputado com recursos

O ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional) privilegiou seu filho, o deputado federal Fernando Coelho (PSB-PE), com a maior liberação de emendas parlamentares de sua pasta em 2011. Coelho foi o único congressista que teve todo o dinheiro pedido empenhado pelo ministério (R$ 9,1 milhões), superando 219 colegas que também solicitaram recursos para obras da Integração.
Liberado em dezembro, o dinheiro solicitado pelo deputado foi para ações tocadas pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Paraíba), uma empresa pública presidida pelo seu tio, Clementino Coelho, irmão do ministro.
As emendas do deputado do ano passado ainda não foram aplicadas. Mas as de 2010, também direcionadas à estatal do tio, beneficiaram seus redutos eleitorais.
No final de 2010, a Codevasf, usando R$ 1,3 milhão das emendas do filho do ministro, contratou uma empresa de Petrolina chamada Hidrosondas para furar poços em 92 localidades do Estado de Pernambuco.
Os sítios beneficiados com poços (a maioria, propriedades particulares) ficam em municípios em que Coelho recebeu quase metade dos seus votos na eleição para a Câmara em 2010. Segundo a reportagem apurou, foi o próprio deputado que escolheu os lugares das obras.
A reportagem levantou as emendas apresentadas ao Orçamento de 2011 e verificou diversos casos de parlamentares que chegaram a apresentar pedidos de verbas em volume maior do que Coelho Filho, mas que não tiveram nenhum real liberado pela pasta.
O deputado Fernando Coelho é pré-candidato às eleições para a prefeitura de Petrolina, município que já foi administrado pelo pai.
 
Chuvas

Na última semana, o ministro Bezerra foi alvo de críticas por conta dos critérios na distribuição de verbas para a prevenção às enchentes. Um dos programas do ministério teve 95,5% dos pedidos de verba sob a gestão Bezerra em favor de Pernambuco.
Chamado pelo Planalto a dar explicações, ele reagiu, dividindo a responsabilidade com a presidente Dilma Rousseff.
 
Resposta
 
Brasília - O Ministério da Integração Nacional negou que o filho do ministro tenha sido favorecido na liberação de emendas. O órgão afirma que outros deputados tiveram "emendas aprovadas em percentuais equivalentes".
Com relação à Codevasf, o ministério informou que a nomeação de Clementino Coelho foi uma decisão do então presidente Lula e que a permanência dele no cargo não configura nepotismo.
Procurado, o deputado Fernando Coelho não ligou de volta para a reportagem. A Hidrosondas também não se pronunciou até a conclusão desta edição.

Por Folha