Mago da avenida dá novo título à Tijuca
O rei do baião, Luiz Gonzaga, deu asas para a Unidos da Tijuca de Paulo Barros alçar voo para o primeiro lugar do carnaval 2012. Este é o segundo campeonato conquistado pelo carnavalesco para a amarelo e azul, que levou para a avenida o enredo “O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão”, com 299,9 pontos. Em 2010, quando voltou à Tijuca (onde já havia conquistado dois vice-campeonatos, em 2004 e 2005), Barros conquistou seu primeiro título no Grupo Especial com “ É Segredo”. No ano passado, foi vice-campeão com “Esta noite levarei sua alma”. Até a leitura do quarto quesito, a Unidos da Tijuca vinha dividindo a liderança com a Vila Isabel (”Você semba de lá.. que eu sambo de cá! O canto livre de Angola”), que perdeu três preciosos décimos em Alegorias e Adereços. A Vila também perdeu pontos importantes em bateria. No decorrer da apuração, o Salgueiro (“Cordel branco e encarnado”) acabou conquistando o segundo lugar, com 299,7 pontos, deixando a Vila em terceiro, com 299,5 pontos; a Beija-flor em quarto (298,9); a Grande Rio em quinto (298,3) e a Portela em sexto (297,2). Essas são as escolas que desfilam no Sábado das Campeãs. Renascer de Jacarepaguá e Porto da Pedra caíram para o Grupo de Acesso.
No Grupo Especial, a Beija-flor já começou perdendo 0,1 por problemas com a comissão de frente, que foi impedida de fazer a apresentação no setor 3 devido ao tamanho de seu elemento cenográfico. Em nota lida antes do início da apuração das notas, a direção da escola pediu desculpas. No quesito enredo, a Beija-Flor recebeu quatro notas 9,8. Mesmo com o descarte de uma delas, a azul e branca (campeã em 2011, com enredo em homenagem a Roberto Carlos) caiu da terceira para a quinta colocação, sendo ultrapassada pela Grande Rio.
Após a leitura das notas, o puxador da Portela, Gilsinho, afirmou que a escola precisa investir mais financeiramente para ter um carnaval à altura de sua tradição. Ele afirmou que o enredo homenageando Clara Nunes foi um grande acerto:
- Ela praticamente é a nossa madrinha. Nossa escola não deve nada a qualquer outra grande do Rio. O que precisamos agora é captar mais patrocínios, fazer mais parcerias. E assim deixar nossa comunidade mais confiante.
O destaque da escola Carlos Ribeiro disse que a Portela retomou sua grandiosidade na avenida:
- Nós mantivemos nossa tradição, mas interagimos melhor com o público. A Portela agora é outra.
Depois da ousada “paradona” de quase três minutos, a Mangueira acabou em sétimo lugar, com 297 pontos, e nem volta ao Sambódromo no sábado. Os jurados dos quesitos evolução e mestre-sala e porta-bandeira (o casal atravessava um corredor de ritmistas para sua apresentação) mostraram seu descontentamento tirando décimos da escola. Já os responsáveis pelas notas de bateria e harmonia aprovaram a inovação dando notas dez à verde e rosa (o único 9,9, em bateria, foi descartado).
Após receber a taça da campeã, o presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, falou sobre como é fazer uma escola de samba sem patronos. Segundo ele, este ano, o desfile da Tijuca custou mais de R$ 10 milhões e, além da verba oficial, contou com patrocinadores para o enredo sobre Luíz Gonzaga e Pernambuco. Além disso, Horta disse que a escola faz eventos o ano inteiro para viabilizar seu carnaval.
- Só a comissão de frente, com shows e apresentações, já trouxe à escola R$ 3 milhões nos últimos anos. Fazemos trabalho para atrair turistas para a quadra e o barracão, e eventos o ano inteiro. Assim que conseguimos viabilizar o desfile - disse ele.
A quadra da campeã Unidos da Tijuca já está lotada de foliões comemorando o título do carnaval 2012. O troféu de campeã - levado pelo presidente Fernando Horta - já está lá. O carnavalesco Paulo Barros também já chegou para a comemoração. Duas rádio-patrulhas da PM estão na Rua São Miguel, que dá acesso ao Morro do Borel, impedindo a passagem de veículos, já que os moradores da comunidade comemoram na via a conquista da escola. O trânsito está sendo desviado para a Rua Ramon Carcano, que leva à Conde de Bonfim, uma das principais vias da Tijuca.
A quadra da escola campeã não estava pronta para a festa. Os componentes começaram a chegar ao local, na Leopoldina, Zona Portuária, longe do Morro do Borel, onde surgiu a Unidos da Tijuca, por volta das 17h. Nem mesmo a cerveja estava preparada para a comemoração. Funcionários começaram a ligar as geladeiras só no final da apuração, quando a escola já era virtualmente campeã. Ao todo, serão distribuídas mil caixas de latas de cerveja. Além de cantar o samba da escola, os torcedores cantam baiões de Luíz Gonzaga, tema do enredo.
Os cerca de 500 salgueirenses que acompanharam na quadra a apuração torceram por uma virada até o dez que deu a vitória à Unidos da Tijuca. Mesmo assim, a escola campeã, que fica no mesmo bairro, foi aplaudida quando confirmada a vitória. Torcedores do Salgueiro que permanecem na quadra dizem que o sentimento é de vitória.
– Pelos problemas que a escola enfrentou na avenida, foi até uma boa colocação – disse Milena Nogueira, uma das seis musas da escola.
Parte da bateria e o puxador auxiliar Leonardo Bessa foram à Rua Silva Telles comemorar a segunda colocação.
- Nosso sentimento é dever cumprido. Fizemos um grande carnaval, um carnaval de luta, mas infelizmente não pudemos ganhar. Sabíamos que a diferença entre os primeiros colocados seria pequena, mas estou feliz – contou Leonardo, que acompanhou na quadra a apuração.
Já os dirigentes da Unidos de Vila Isabel ficaram claramente decepcionados com a terceira colocação. Segundo o presidente da agremiação, Wilson Alves, o Wilsinho, estar entre as campeãs é importante, mas a Vila, na opinião dele, merecia o campeonato.
- Fomos quem emocionou o público. Ganhamos vários prêmios. Merecíamos o campeonato - disse ele, inconformado.
Houve também muito protesto na Vila contra as notas da bateria, que foram umas das que mais prejudicaram a colocação da escola.
- Emociono, todo mundo canta e dança junto e perdemos pontos. Agora a moda é cruzar os braços e não tocar. Disse ele, referindo-se à paradona da Mangueira.
- Gosto da Mangueira, do pessoal da escola, mas tem que respeitar a bateria da Vila.- disse Paulinho, um dos mestres de bateria da Vila.
Mesmo depois da derrota, a bateria da Vila Isabel também começou a tocar na quadra da escola e, apesar de muitas pessoas chorarem, o presidente de harmonia da escola, Décio Bastos subiu ao palco e fez o discurso para consolar a comunidade.
- Apesar do resultado, nós sabemos cantar, nós sabemos sambar. Não permitam que ninguém tire a felicidade de vocês. Vamos comemorar - convocou Bastos.
O presidente da Renascer de Jacarepaguá, Antônio Carlos Salomão, mostrou-se irritado com o resultado da apuração, que rebaixou sua escola no ano em que ela estreou no Grupo Especial. Ele contestou notas dadas pelos jurados e disse que o desfile não foi avaliado de forma justa:
- Queria conhecer essa matemática dos jurados. Tivemos vários 9,6, e sei que o que me falta é sobrenome, porque nome eu tenho. E eles julgam as escolas pelo nome. Na próxima vez que eu subir para o (Grupo) Especial, vou fazer uma bandeira de chumbo para ela ter o mesmo peso das outras.
A escola desfilou homenageou o artista plástico Romero Britto, mas o presidente não acha que o tema do enredo seja o motivo do rebaixamento:
- O tema da escola não influenciou a nota dos jurados. O que prejudicou foi a falta do nome.
Presidente da Porto da Pedra - penúltima colocada, e que em 2013 também desfilará pelo Acesso -, Francisco Marins lamentou o resultado, mas preferiu evitar polêmicas:
- Odeio me fazer de coitadinho, não faço essa linha. Mas, se a minha escola permanecesse no Grupo Especial, eu iria sugerir a mudança de alguns jurados. Agora, se eles acharam que a Porto da Pedra merecia cair, paciência.
O julgamento, este ano, trouxe novidades. O número de jurados diminuiu, de cinco para quatro por quesito. E apenas a nota mínima em cada quesito foi descartada. Em anos anteriores, a mais alta e a mais baixa eram desconsideradas no final. A forma de julgamento também mudou. Cinco dos dez quesitos que definirão a vencedora foram divididos em dois. Passam a ser julgados desta forma comissão de frente, alegorias e adereços, fantasias e enredo. O quesito samba-enredo já tinha a nota subdividida, com uma análise separada de letra e melodia.
Após a leitura das notas, o puxador da Portela, Gilsinho, afirmou que a escola precisa investir mais financeiramente para ter um carnaval à altura de sua tradição. Ele afirmou que o enredo homenageando Clara Nunes foi um grande acerto:
- Ela praticamente é a nossa madrinha. Nossa escola não deve nada a qualquer outra grande do Rio. O que precisamos agora é captar mais patrocínios, fazer mais parcerias. E assim deixar nossa comunidade mais confiante.
O destaque da escola Carlos Ribeiro disse que a Portela retomou sua grandiosidade na avenida:
- Nós mantivemos nossa tradição, mas interagimos melhor com o público. A Portela agora é outra.
Depois da ousada “paradona” de quase três minutos, a Mangueira acabou em sétimo lugar, com 297 pontos, e nem volta ao Sambódromo no sábado. Os jurados dos quesitos evolução e mestre-sala e porta-bandeira (o casal atravessava um corredor de ritmistas para sua apresentação) mostraram seu descontentamento tirando décimos da escola. Já os responsáveis pelas notas de bateria e harmonia aprovaram a inovação dando notas dez à verde e rosa (o único 9,9, em bateria, foi descartado).
Após receber a taça da campeã, o presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, falou sobre como é fazer uma escola de samba sem patronos. Segundo ele, este ano, o desfile da Tijuca custou mais de R$ 10 milhões e, além da verba oficial, contou com patrocinadores para o enredo sobre Luíz Gonzaga e Pernambuco. Além disso, Horta disse que a escola faz eventos o ano inteiro para viabilizar seu carnaval.
- Só a comissão de frente, com shows e apresentações, já trouxe à escola R$ 3 milhões nos últimos anos. Fazemos trabalho para atrair turistas para a quadra e o barracão, e eventos o ano inteiro. Assim que conseguimos viabilizar o desfile - disse ele.
A quadra da campeã Unidos da Tijuca já está lotada de foliões comemorando o título do carnaval 2012. O troféu de campeã - levado pelo presidente Fernando Horta - já está lá. O carnavalesco Paulo Barros também já chegou para a comemoração. Duas rádio-patrulhas da PM estão na Rua São Miguel, que dá acesso ao Morro do Borel, impedindo a passagem de veículos, já que os moradores da comunidade comemoram na via a conquista da escola. O trânsito está sendo desviado para a Rua Ramon Carcano, que leva à Conde de Bonfim, uma das principais vias da Tijuca.
A quadra da escola campeã não estava pronta para a festa. Os componentes começaram a chegar ao local, na Leopoldina, Zona Portuária, longe do Morro do Borel, onde surgiu a Unidos da Tijuca, por volta das 17h. Nem mesmo a cerveja estava preparada para a comemoração. Funcionários começaram a ligar as geladeiras só no final da apuração, quando a escola já era virtualmente campeã. Ao todo, serão distribuídas mil caixas de latas de cerveja. Além de cantar o samba da escola, os torcedores cantam baiões de Luíz Gonzaga, tema do enredo.
Os cerca de 500 salgueirenses que acompanharam na quadra a apuração torceram por uma virada até o dez que deu a vitória à Unidos da Tijuca. Mesmo assim, a escola campeã, que fica no mesmo bairro, foi aplaudida quando confirmada a vitória. Torcedores do Salgueiro que permanecem na quadra dizem que o sentimento é de vitória.
– Pelos problemas que a escola enfrentou na avenida, foi até uma boa colocação – disse Milena Nogueira, uma das seis musas da escola.
Parte da bateria e o puxador auxiliar Leonardo Bessa foram à Rua Silva Telles comemorar a segunda colocação.
- Nosso sentimento é dever cumprido. Fizemos um grande carnaval, um carnaval de luta, mas infelizmente não pudemos ganhar. Sabíamos que a diferença entre os primeiros colocados seria pequena, mas estou feliz – contou Leonardo, que acompanhou na quadra a apuração.
Já os dirigentes da Unidos de Vila Isabel ficaram claramente decepcionados com a terceira colocação. Segundo o presidente da agremiação, Wilson Alves, o Wilsinho, estar entre as campeãs é importante, mas a Vila, na opinião dele, merecia o campeonato.
- Fomos quem emocionou o público. Ganhamos vários prêmios. Merecíamos o campeonato - disse ele, inconformado.
Houve também muito protesto na Vila contra as notas da bateria, que foram umas das que mais prejudicaram a colocação da escola.
- Emociono, todo mundo canta e dança junto e perdemos pontos. Agora a moda é cruzar os braços e não tocar. Disse ele, referindo-se à paradona da Mangueira.
- Gosto da Mangueira, do pessoal da escola, mas tem que respeitar a bateria da Vila.- disse Paulinho, um dos mestres de bateria da Vila.
Mesmo depois da derrota, a bateria da Vila Isabel também começou a tocar na quadra da escola e, apesar de muitas pessoas chorarem, o presidente de harmonia da escola, Décio Bastos subiu ao palco e fez o discurso para consolar a comunidade.
- Apesar do resultado, nós sabemos cantar, nós sabemos sambar. Não permitam que ninguém tire a felicidade de vocês. Vamos comemorar - convocou Bastos.
O presidente da Renascer de Jacarepaguá, Antônio Carlos Salomão, mostrou-se irritado com o resultado da apuração, que rebaixou sua escola no ano em que ela estreou no Grupo Especial. Ele contestou notas dadas pelos jurados e disse que o desfile não foi avaliado de forma justa:
- Queria conhecer essa matemática dos jurados. Tivemos vários 9,6, e sei que o que me falta é sobrenome, porque nome eu tenho. E eles julgam as escolas pelo nome. Na próxima vez que eu subir para o (Grupo) Especial, vou fazer uma bandeira de chumbo para ela ter o mesmo peso das outras.
A escola desfilou homenageou o artista plástico Romero Britto, mas o presidente não acha que o tema do enredo seja o motivo do rebaixamento:
- O tema da escola não influenciou a nota dos jurados. O que prejudicou foi a falta do nome.
Presidente da Porto da Pedra - penúltima colocada, e que em 2013 também desfilará pelo Acesso -, Francisco Marins lamentou o resultado, mas preferiu evitar polêmicas:
- Odeio me fazer de coitadinho, não faço essa linha. Mas, se a minha escola permanecesse no Grupo Especial, eu iria sugerir a mudança de alguns jurados. Agora, se eles acharam que a Porto da Pedra merecia cair, paciência.
O julgamento, este ano, trouxe novidades. O número de jurados diminuiu, de cinco para quatro por quesito. E apenas a nota mínima em cada quesito foi descartada. Em anos anteriores, a mais alta e a mais baixa eram desconsideradas no final. A forma de julgamento também mudou. Cinco dos dez quesitos que definirão a vencedora foram divididos em dois. Passam a ser julgados desta forma comissão de frente, alegorias e adereços, fantasias e enredo. O quesito samba-enredo já tinha a nota subdividida, com uma análise separada de letra e melodia.