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Comissão de Ética vai investigar ex-diretor do Banco do Brasil

A Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu nesta segunda-feira abrir procedimento preliminar para investigar o ex-vice-presidente do Banco do Brasil Allan Toledo.
A decisão foi motivada por reportagens da Folha que mostraram que movimentações financeiras de Toledo chamaram atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras.
Foram feitos cinco depósitos, no valor total de R$1 milhão, entre janeiro a julho de 2011, quando ele ocupava uma vice-presidência do BB. Ele argumento que o dinheiro é da venda de um imóvel.
A relatoria do caso está nas mãos de Américo Lacombe, que já decidiu encaminhar pedido de informações a Toledo.
"Os elementos que nós temos são as reportagens. A partir dela decidimos abrir e pedir informações", disse o presidente da Comissão de Ética, Sepulveda Pertence.
A reportagem mostrou que a escritura do imóvel que Toledo afirma ter vendido foi registrada dois dias após a entrevista à Folha sobre o caso. Naquele momento, Toledo só exibiu um compromisso de compra e venda da casa, que pertencia a Liu Mara Fisca Zerey, de quem ele é herdeiro.
O imóvel foi vendido ao empresário Wanderley Mantovani, que tem relações societárias com o frigorífico Marfrig. Em 2009 o Marfrig recebeu empréstimos de R$ 750 milhões do BB. A Folha revelou que o dinheiro da compra do imóvel saiu do Marfrig e passou pela conta de Mantovani até chegar a Toledo.
O pagamento a Mantovani, segundo o grupo, resulta de um negócio. O Marfrig nega ter havido uma triangulação proposital entre as partes. O advogado de Toledo, José Roberto Batochio, diz que a transferência do imóvel demorou porque havia problemas na escritura.
 
OUTROS CASOS

A Comissão de Ética também analisou o caso do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) que começou a ser investigado pelo colegiado por conta de sua empresa de consultorias entre os anos de 2009 e 2010. O relator do procedimento, Fábio Coutinho, defendeu o aprofundamento das investigações, pedindo esclarecimentos ao ministro.
Um pedido de vista do conselheiro Roberto Caldas suspendeu a análise do caso que só deve ser retomado na próxima reunião da comissão, prevista para o final do mês.
A atividade de consultoria levantou suspeitas de tráfico de influência, o que o ministro, amigo de longa data da presidente Dilma Rousseff, nega.
"O relator entendeu que o caso reclamava prosseguimento", disse Pertence.
Também foi decidido aplicar uma censura ética ao ex-ministro Wagner Rossi (Agricultura) pelo uso de jatinhos da Ourofino Agronegócios para viagens particulares. O caso foi revelado pelo jornal "Correio Braziliense".
 
DESGASTE
 
O presidente da Comissão de Ética reconheceu que a presidente Dilma Rousseff "reclamou" por ter sido surpreendida pela deliberação anterior do órgão recomendando a demissão do ex-ministro Carlos Lupi (Trabalho). Pertence disse que foi apenas um "acidente de burocracia" que impediu a breve comunicação da presidente.
Ele disse que haverá um novo procedimento quando houver a recomendação para demissão de ministros, repassando o voto e o relatório justificando a sugestão.
"Ela pediu que em um caso concreto de exoneração de ministro, que é mais razoável, enviar junto ao ofício, o relatório e o voto que justificava o voto dado porque é uma decisão que não se completa e depende do juízo do presidente da República".

Por Folha