|

Família de rapaz atropelado diz que vai processar Thor Batista

O advogado Cleber Carvalho, que representa a família do rapaz de 30 anos atropelado no sábado (17) por Thor Batista, 20, filho do empresário Eike Batista, disse na tarde deste domingo que vai pedir na Justiça indenizações por danos materiais e morais pela morte do cliente.
O advogado disse ainda que estuda a possibilidade de pedir a abertura de um processo criminal pelo acidente. "Se for comprovado que a velocidade era maior do que a permitida, vira caso criminal e de crime culposo vira doloso", disse.
O ajudante de caminhoneiro Wanderson Pereira da Silva foi atropelado por volta das 19h de ontem, quando voltava de bicicleta do trabalho para casa.
Ele foi atingido pelo carro de Thor, um Mercedes SLR McLaren que custa pelo menos R$ 2,7 milhões, quando trafegava pela rodovia Washington Luís, na altura de Xerém, em Duque de Caxias (Baixada Fluminense). Ele morreu na hora.
Segundo o advogado, o corpo foi totalmente dilacerado e teve que passar por reconstituição para ser enterrado. O empresário Eike Batista teria pago R$ 8.000 pelo enterro, segundo uma tia da vítima, Maria Vicentina Pereira.
Em nota, a assessoria do grupo EBX, de Eike Batista, afirmou que o ciclista "atravessava inadvertidamente" a rodovia no sentido Rio no momento do acidente e que Thor dirigia na velocidade permitida --110 km/h.
Carvalho contesta a versão, alegando que o rapaz andava pelo acostamento e não teria motivo para cruzar a rodovia, já que morava daquele lado da estrada. "O coração dele foi parar dentro do carro, por isso eu sei que ele foi pego de frente. Se ele tivesse atravessando a rodovia como estão falando, teria sido pego de lado", disse a tia Maria.
O advogado informou que vai procurar testemunhas para confirmar essa tese, e também questionar o procedimento da polícia, que teria liberado a remoção do carro de Thor de maneira irregular, segundo ele.
"Nunca vi tanta agilidade em um caso desse, às vezes o corpo e o carro de um atropelado ficam o dia inteiro até sair do local. E nunca vi o atropelador não ser conduzido para a delegacia quando há polícia no local. Se fosse José matando José não tinha sido assim", afirmou.
Moradores da região que foram ao local do acidente disseram que o corpo foi retirado do local por volta de 3h, informou o advogado, que foi ao local hoje procurar testemunhas. O carro já não estaria no local nesse horário, disse Carvalho após ouvir as testemunhas. Ficaram apenas veículos com seguranças e outras pessoas que chegaram após o acidente para apoiar Thor.
"Sobre o acidente, Thor Batista lamenta profundamente o ocorrido (..) O empresário chamou a ambulância da Concer (concessionária da rodovia) para prestar atendimento. Thor estava na velocidade permitida, fez o teste do bafômetro e firmou declaração de próprio punho descrevendo o acidente, no posto da Polícia Rodoviária Federal. Thor prestará toda a assistência à família de Wanderson e comparecerá no curso da semana para prestar depoimento na 61ª DP", afirmou nota divulgada pela EBX.
A polícia confirmou que os testes de bafômetro de Thor e do carona deram negativo para a ingestão de bebida alcoólica. Thor será indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O caso foi registrado na 61ª DP (Xerém).
O corpo de Wanderson foi enterrado no final da tarde no cemitério de Xerém.
Além de ajudante de caminhoneiro, ele fazia bicos também como operário --ele não concluiu o 2º grau. A tia Maria, mãe de criação do rapaz, afirmou que ele foi abandonado pela mãe aos oito anos de idade e não conheceu o pai.
Por Folha