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Ayres Britto nega manipulação de resultados de julgamentos no STF

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Carlos Ayres Britto afirmou nesta sexta-feira (20) que é "logicamente impossível" haver manipulação de decisões e que nunca viu racismo entre seus pares, rebatendo críticas feitas pelo colega Joaquim Barbosa em entrevista ao jornal "O Globo".
"É impossível manipular o resultado. Porque se um presidente proferir um resultado em desconformidade com o conteúdo da decisão, ele está desconsiderando o voto de cada um dos ministros", disse.
"O que aconteceu e tem acontecido, e pode ser confundido com manipulação, é um presidente mais enfático. Entre o voto e a proclamação, ele tenta reverter o quadro, mas isso é natural, não é manipulação. Nunca vi e nunca verei um presidente alterar o conteúdo de decisão, porque os outros perceberiam", completou Ayres Britto.
Sobre o racismo em relação a Barbosa, Ayres Britto voltou a contrariar o colega de tribunal. "Eu nunca vi. Nós somos contra o racismo por dever, pois o racismo é criminalizado pela Constituição".
Ao jornal "O Globo", Joaquim Barbosa respondeu a críticas de Cezar Peluso que, em entrevista ao site "Consultor Jurídico", afirmou que o colega é uma "pessoa insegura que reage pela insegurança".
Barbosa, então disse que a gestão de Peluso foi "desastrosa" e que ele manipulou ou tentou manipular resultados de julgamentos. "Peluso inúmeras vezes manipulou ou tentou manipular resultados de julgamentos, criando falsas questões processuais ou simplesmente para tumultuar e não proclamar o resultado que era contrário ao seu pensamento."
Joaquim também afirmou que as críticas poderiam estar vinculadas com o fato de ele ser negro: "Alguns brasileiros não negros se acham no direito de tomar certas liberdades com negros. Você já percebeu que eu não permito isso, né?".
Ayres Britto também disse que em suas primeiras sessões como presidente, o STF deverá julgar ação que discute a constitucionalidade de cotas raciais em universidades e outra que discute se autoridades que respondem a processos por improbidade administrativa devem ser julgados em tribunais onde possuem foro privilegiado.

Por Folha