|

Rússia volta a se opor na ONU sobre envio de missão à Síria

A Rússia voltou a se opor, nesta sexta-feira, a um projeto de resolução apresentado pelas potências ocidentais no Conselho de Segurança da ONU sobre o envio de uma missão de observadores à Síria para acompanhar o cumprimero do cessar-fogo.
O Conselho esperava aprovar o projeto de mandar trinta observadores militares ao país na semana que vem. O embaixador russo na ONU, Vitali Tchurkine, enterrou todas as expectativas de uma votação rápida, declarando que havia pela frente muito trabalho e que as discussões devem prosseguir neste sábado, sem nenhuma dúvida.
Segundo um diplomata que participou das negociações, a Rússia, última aliada do presidente sírio Bashar al-Assad no Conselho, "questionava cada frase" do texto proposto pelos Estados Unidos, Inglaterra e França.


Protestos - Dezenas de milhares de sírios protestaram nesta sexta-feira para testar o compromisso do regime de respeitar o plano de paz internacional. Apesar do cessar-fogo, houve escaramuças entre rebeldes e exército regular. Seis civis morreram.
Mesmo assim, há uma clara diferença em relação aos últimas semanas, quando os mortos eram contados diariamente em dezenas por dia.

Imprensa - Desde que começou a violência em março de 2011, as autoridades impõem rígidas restrições ao acesso dos jornalistas e trabalhadores humanitários, impedindo a verificação das informações por meio de fontes independentes. Os militantes e a oposição disseram que queriam fazer desta jornada com o lema "A Revolução para todos os sírios" uma prova para o regime, que durante mais de um ano tentou esmagar a onda de contestação de forma sangrenta.
"No momento em que as tropas estiverem obrigadas a aliviar a pressão, os sírios poderão decidir por eles mesmos se vão se juntar ou não a esta revolução popular", considerou Karim Bitar, pesquisador especialista em Oriente Médio.
O plano de seis pontos de Kofi Annan prevê, além disso, o fim das hostilidades, a retirada do Exército das cidades e o "direito de se manifestar pacificamente". Apesar disso, Damasco lembrou que qualquer manifestação deve ser previamente autorizada.

Oposição - O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão da oposição, pediu que a mobilização continue para derrubar o presidente Bashar al-Assad. "O povo quer a queda do regime" e "vamos ver as promessas de Asad de cessar-fogo" gritavam os manifestantes, chamando o Exército sírio de "traidor", de acordo com vídeos publicados na internet pelos militantes.
Várias correntes da oposição rejeitam qualquer diálogo com Damasco até a saída de Assad, o que suscita temores entre os analistas de que o plano Annan só se limite a seu aspecto militar, sem um real diálogo político.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou a respeito da morte de quatro manifestantes pelas mãos das forças do regime em Hama (centro), cenário de gigantescas manifestações em meados de 2011, de um nas imediações de Damasco e de outro em Homs (centro). Além disso, dois militares foram mortos em Hama e em Aleppo (norte). Combates com armas pesadas foram registrados de manhã perto da fronteira com a Turquia, segundo o OSDH.
Por Veja