|

Após pedido de recuperação, Delta diz sofrer 'bullying empresarial'

Após entrar na Justiça do Rio com um pedido de recuperação judicial, a construtora Delta divulgou nesta segunda-feira (4) uma nota no qual afirma sofrer "bullying empresarial".
"O envolvimento de alguns de seus executivos em supostos atos ilícitos, que estão sendo investigados judicialmente, tem levado a empresa a sofrer uma espécie de bullying empresarial. Em razão de notícias desta natureza que estão sendo veiculadas, várias administrações públicas estão deixando de honrar os pagamentos de obras já executadas", afirma comunicado da empresa, que é alvo de investigação da CPI do Cachoeira.
De acordo com a administração da empreiteira, todas as empresas do grupo são viáveis economicamente. "[A administração] Afirma ainda que pretende honrar suas dívidas de forma integral, mas que necessita do amparo judicial para recuperar seu fôlego financeiro."
No comunicado, a Delta diz que tomou a decisão de pedir a recuperação para garantir o andamento e a entrega das obras.
"A empresa solicita pedido de recuperação judicial sem possuir dívidas trabalhistas, previdenciárias e tributárias. Os ativos patrimoniais e a receber são muito superiores à dívida atual com fornecedores e bancos."
Na semana passada, o comando da holding J&F anunciou oficialmente a decisão de não consumar a compra da Delta, da qual é gestora. O grupo fez uma opção de compra, mas decidiu não a exercer.
De acordo com a nota divulgada hoje, após esse fato a situação financeira da Delta tornou-se insustentável.
Ao fazer um pedido de recuperação judicial, uma empresa reconhece oficialmente sua debilidade financeira, e o faz para evitar a falência.
Com ele, a empreiteira acaba por admitir que está à beira da falência e requer em juízo forma de quitar dívida com credores.
No processo de recuperação judicial, a empresa submete aos credores uma proposta para quitação de suas dívidas, com desconto de valores e forma mais alongada de perfil.
A proposta tem de ser aprovada por uma assembleia de credores. Do contrário, a empresa pode entrar em processo falimentar.
No último dia 29, a CPI aprovou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da construtora em todo o país.
A Delta é a empresa que mais recebeu verbas do Orçamento do Executivo federal desde 2007.
 
LEIA A NOTA
 
A Delta Construção ingressou na Justiça do Rio de Janeiro com pedido de recuperação judicial, com fundamento nos dispositivos da Lei nº 11.101/05. Tomamos esta medida como parte de nossos esforços para garantir sucesso na execução e entrega das obras em andamento que são de interesse público e garantir a sustentabilidade da empresa em longo prazo.
Com mais de 50 anos de existência, hoje o grupo atua nos segmentos de implantação e conservação de rodovias, infraestrutura urbana, saneamento, edificações, obras especiais, engenharia ambiental, prestações de serviços contínuos, incorporação, locação de equipamentos leves e pesados, energia e montagem industrial. É responsável, direta ou indiretamente, pelo sustento de cerca de 80 mil famílias. A empresa solicita pedido de recuperação judicial sem possuir dívidas trabalhistas, previdenciárias e tributárias. Os ativos patrimoniais e a receber são muito superiores à dívida atual com fornecedores e bancos.
O envolvimento de alguns de seus executivos em supostos atos ilícitos, que estão sendo investigados judicialmente, tem levado a empresa a sofrer uma espécie de bullying empresarial. Em razão de notícias desta natureza que estão sendo veiculadas, várias administrações públicas estão deixando de honrar os pagamentos de obras já executadas.
O requerimento à Justiça se dá após a saída, na última sexta-feira (01/06), da holding J&F, um mês após ter assumido a gestão da Delta, com proposta condicionada de adquirir o controle societário e dar continuidade às suas atividades. A situação financeira da Delta tornou-se insustentável, não restando outra alternativa senão a busca pela recuperação judicial.
Para representá-la, a Delta contratou a consultoria internacional de reestruturação Alvarez & Marsal, responsável pela recuperação judicial de empresas como a Varig e a varejista carioca Casa & Vídeo. No cenário internacional, a consultoria trabalhou no caso do banco Lehman Brothers.
A administração da Delta está informando à Justiça que todas as empresas do grupo são viáveis economicamente e possuem ativos relevantes e que estão aptas a efetuar as obras e serviços públicos e privados para os quais foram contratadas. Afirma ainda que pretende honrar suas dívidas de forma integral, mas que necessita do amparo judicial para recuperar seu fôlego financeiro.

Por Folha