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Em protesto, grupo de alunos da Unifesp bloqueia Av. Paulista

Um grupo de estudantes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), ao lado de outros integrantes do movimento estudantil, bloqueou duas faixas da avenida Paulista, na região central de São Paulo, na noite desta segunda-feira.
Os estudantes se concentravam desde as 16h no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), e começaram a marchar pela avenida por volta das 18h20.
Eles ocuparam duas faixas no sentido Consolação, fizeram a volta na praça do Ciclista e voltaram a ocupar duas faixas no sentido Paraíso. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a manifestação provoca 1,8 km de lentidão no sentido Consolação (desde a praça Oswaldo Cruz até a rua Peixoto Gomide) e 400 metros no sentido Paraíso (da rua Haddock Lobo até a Rocha Azevedo).
Chamado de "ato contra a barbárie", a manifestação é um ato de repúdio à prisão de 22 alunos na última quinta-feira (14) e à ação da PM, que usou bombas de efeito moral e balas de borracha para retirar alunos que haviam invadido o campus de Guarulhos (Grande São Paulo).
"Não é com truculência que vamos resolver os problemas do campus. A gente não tem salas, as condições são precárias. O reitor não quis negociar", disse Michael Melchiori, 25, estudante de filosofia.
Segundo os estudantes, a marcha da Paulista é formada por cerca de 400 pessoas. A PM, que acompanha a manifestação, estima cerca de 150. A polícia diz que os alunos não têm autorização da prefeitura para ocupar a via e que pode agir para retirá-los do local.
 
GREVE
 
Os estudantes foram presos por policiais federais na quinta-feira, que os acusaram de dano ao patrimônio e formação de quadrilha. Os alunos dizem que o ato foi pacífico. A PM, que foi acionada por funcionários do campus, diz que agiu porque alunos cercaram funcionários e ocuparam salas da direção.
Nesta segunda-feira, os 22 presos assinaram um termo de compromisso na 1ª Vara Federal em Guarulhos. Os alunos, que estão em liberdade provisória desde a noite de sexta, se comprometeram a comparecer a todos os atos processuais que serão realizados pela Justiça.
Eles foram detidos e autuados em flagrante pela prática de intimidação de professores e depredação no campus. Inicialmente, a PF informou que eles também seriam autuados por formação de quadrilha, o que não foi aceito pela Justiça.
Os estudantes decidiram continuar a greve que já dura 80 dias. Eles pedem que a direção da Unifesp mostre de que maneira vai resolver problemas de infraestrutura no campus, como a construção do prédio principal, que nunca saiu do papel.
Além disso, a unidade de ensino tem um refeitório improvisado e salas abafadas. Os estudantes pedem também a revisão nos valores das bolsas oferecidas, como as de moradia e alimentação.
Há pelo menos um mês, professores de universidades federais do país estão em greve por melhorias salariais.

Por Folha