Hugo Chávez incitou levante militar no Paraguai
A ministra da Defesa do Paraguai, María Liz García, confirmou em
entrevista à imprensa de seu país um rumor que vinha tomando corpo nos
últimos dias em Assunção: o diplomata venezuelano Nícolas Maduro
reuniu-se com a cúpula das Forças Armadas paraguaias no mesmo dia em que
o Congresso votava o impeachment de Fernando Lugo. O chanceler tinha um
pedido para fazer aos comandantes: que os militares reagissem caso Lugo
fosse de fato deposto.
As tentativas de intervenção dos presidentes de países vizinhos causam
indignação – embora os discursos se mantenham diplomáticos - entre as
autoridades paraguaias desde que Federico Franco assumiu o poder na
semana passada. A irritação com os encrenqueiros latino-americanos, no
entanto, chegou a seu ápice nesta sexta-feira, quando veio à tona a
tentativa de golpe militar no Paraguai comandada por ninguém menos que o
chanceler da Venezuela – país de Hugo Chávez.
O principal alvo de críticas entre os paraguaios vinha sendo Christina
Kirchner, por sua atitude de rejeição radical ao novo governo. Até que
se confirmasse a ação do chanceler venezuelano junto ao Exército
paraguaio, Hugo Chávez não se encontrava no centro das preocupações das
autoridades paraguaias, que punham as declarações igualmente inflamadas
do imperialista bolivariano na conta da sua notória fanfarronice.
A frase de um influente empresário paraguaio durante encontro com o
chanceler do Paraguai, José Félix Estigarribia, na quinta-feira, resume o
sentimento vigente em relação à Venezuela até ontem: “Andam por aí
falando da nossa democracia quando têm sua própria democracia cheia de
problemas.” A revelação da ministra da Defesa, no entanto, modifica esse
quadro.
Alto comando - O pedido do chanceler foi feito
durante uma reunião na tarde da quinta-feira da semana passada, mesmo
dia em que o Congresso aprovou o impeachment de Lugo. De acordo com o
jornal Última Hora, o embaixador do Equador, Julio Prado, e
Miguel Rojas, secretário privado de Lugo, participaram do encontro, no
Palácio de López, sede do governo do Paraguai.
O encontro foi convocado pelo chefe do gabinete militar da Presidência,
Ángel Vallovera. María Liz assegurou que o conteúdo da conversa não
chegou aos quartéis. Em entrevista a uma rádio local, a ministra
informou que os comandantes das Forças Militares se negaram a cumprir o
pedido do chanceler da Venezuela . “Não houve qualquer tipo de
sublevação. Asseguro que os chefes militares decidiram respeitar a
Constituição”, afirmou María Liz.
O presidente do Paraguai, Federico Franco, rechaçou a atitude da
Venezuela, a que classificou como uma "intromissão clara nos assuntos
internos" do país. "Vamos tomar medidas institucionais." Franco afirmou
que agirá de forma enérgica contra os militares que tentarem agir contra
a lei. "Vamos terminar com a manipulação política das Forças Armadas",
afirmou o presidente. "Somos um país livre."
Por Veja