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Mercosul oficializa adesão da Venezuela ao bloco

A Venezuela ingressou nesta terça-feira oficialmente como membro pleno do Mercosul em uma cúpula extraordinária que contou com a presença dos presidentes Hugo Chávez, Dilma Rousseff (Brasil), Cristina Kirchner (Argentina) e José Mujica (Uruguai), e na qual foi destacado o peso econômico do novo parceiro do bloco. 
"O Mercosul se transforma agora na quinta economia mundial", com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 3,3 trilhões, e se consolida como uma "potência" nas áreas de energia e produção de alimentos, declarou Dilma Rousseff ao oficializar a entrada da Venezuela como quinto membro do bloco. 
Dilma deu uma "calorosa boas-vindas" a "todo o povo venezuelano" ao Mercosul, que agora passa a ser uma zona econômica com 270 milhões de habitantes e que representa 70% da população sul-americana. O Brasil exerce neste semestre a presidência rotativa do bloco.
A Venezuela demonstrou seu peso econômico no Mercosul ao assinar em Brasília, antes da cúpula extraordinária, um contrato para a compra de seis aviões modelo E190 da Embraer, que serão destinados à companhia aérea Conviasa, com opção de compra de outras 14 aeronaves. O contrato tem um valor de US$ 270 milhões e pode alcançar US$ 900 milhões caso a Venezuela confirme todas as opções de compra.
Diante dos líderes dos países-membros do bloco, a presidenta convidou "os setores empresariais de toda a região a participar ativamente desse momento" e aproveitar os novos espaços para o comércio e os investimentos que podem se abrir com a ampliação do bloco.

Petróleo

Dilma destacou que a Venezuela "tem as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo", mas ponderou que o país deve "avançar em sua industrialização". A presidente afirmou que a entrada da Venezuela no bloco representa "um novo universo de oportunidades" para os sócios do Mercosul.
Chávez admitiu essa realidade e declarou que a entrada no Mercosul é "a maior oportunidade histórica em 200 anos na Venezuela, um país que por modelos de desenvolvimento impostos estava condenado antes ao subdesenvolvimento, ao atraso e à miséria".
O líder bolivariano ressaltou o "interesse" de seu país "em sair desse modelo e estimular um novo modelo agrícola", frisando que a Venezuela tem "mais de 30 milhões de hectares" de terras disponíveis. "O Mercosul é sem dúvida a maior locomotiva para garantir nossa independência e acelerar nosso desenvolvimento", afirmou Chávez.
Já Cristina Kirchner dedicou a maior parte de seu discurso a criticar os países desenvolvidos por sua atuação frente à crise financeira, mas também valorizou as "potencialidades" que a entrada da Venezuela traz ao bloco. Para a presidente argentina, o ingresso do país é uma resposta aos que duvidavam do futuro do bloco.
Mujica, por sua vez, concordou com Chávez que "nunca ao longo da história" a América do Sul teve "uma oportunidade como essa". O líder ressaltou, no entanto, que a região continua sendo "uma das mais ricas e uma das mais desiguais do mundo".
O Paraguai, quarto membro fundador do Mercosul, foi o único ausente da reunião, pois foi suspenso do bloco pelos outros três países-membros em 29 de junho, na cúpula de Mendoza (Argentina), em função do impeachment de Fernando Lugo da presidência paraguaia.
Nos discursos desta terça-feira, a única referência ao Paraguai foi feita por Dilma, que voltou a defender a decisão de suspender o país e atribuiu a medida a um "inequívoco compromisso do Mercosul com a democracia". Segundo Dilma, "a perspectiva é que o Paraguai normalize sua situação interna e recupere todos seus direitos plenos no Mercosul".
O Congresso do Paraguai era o único que não tinha aprovado a incorporação plena da Venezuela, país que tem quatro anos de prazo para se adaptar à normativa comercial do Mercosul.

Por EFE