|

Acusação é afronta à lei, diz defesa de José Dirceu

A defesa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu afirmou ontem, no terceiro dia do julgamento do mensalão, que a condenação do petista representaria "o mais atrevido e escandaloso ataque à Constituição".
O advogado de Dirceu, José Luis Oliveira Lima, parafraseou no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que na sexta-feira havia dito que o mensalão foi "o mais atrevido e escandaloso" caso de corrupção do país.
O advogado alegou aos ministros do STF que "o Ministério Público desprezou todas as provas do processo" e que Dirceu "não é quadrilheiro". "Não há, no entender da defesa, nenhuma prova, nenhum documento, nenhuma circunstância que incrimine José Dirceu", disse Lima.
Dirceu é acusado pelo Ministério Público de chefiar o esquema de compra de apoio legislativo ao governo Lula em 2003 e 2004. "Não é verdade que existiu a propalada compra de votos", afirmou.

Caixa dois

O dia de ontem no julgamento foi dedicado à manifestação de cinco advogados de defesa, incluindo os defensores dos três políticos que, segundo o Ministério Público, formavam o núcleo político do mensalão --Dirceu, o ex-presidente do PT, José Genoino, e o ex-tesoureiro da sigla, Delúbio Soares.
As defesas repetiram a tese de que houve apenas o delito de caixa dois, que é o financiamento eleitoral sem registro na Justiça.
A atitude, diz a defesa, teria sido tomada de forma autônoma por Delúbio, via empréstimos bancários, com o objetivo de suprir dificuldades do PT e de siglas aliadas do governo.
O defensor de Delúbio, Arnaldo Malheiros Filho reforçou o discurso de que tudo se resumiu a caixa dois. "Era ilícito mesmo, e Delúbio não se furta a responder pelo que fez, que ele operou, que isso é ilícito. Agora, ele não corrompeu ninguém.
Malheiros negou relação entre o pagamento a parlamentares e votações no Congresso.
"A verdade é que a prova é pífia, é esgarçada."
O defensor de Genoino, Luiz Pacheco, atribuiu a Delúbio toda a tarefa de obter dois empréstimos nos bancos Rural e BMG.
"O Genoino não cuidava das finanças e da administração do partido." Segundo Pacheco, Genoino manteve reuniões com partidos aliados, mas nunca discutiu apoios financeiros.

Por Folha