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CPI decide reconvocar Carlinhos Cachoeira para depor

A CPI do Cachoeira aprovou nesta terça-feira a reconvocação do contraventor Carlinhos Cachoeira, que já compareceu à comissão, mas usou seu direito de permanecer calado para não se autoincriminar. Carlinhos Cachoeira está preso desde o dia 29 de fevereiro, sob suspeita de comandar um esquema de exploração de jogos ilegais, envolvendo servidores públicos e privados.
A ideia de reconvocar Cachoeira surgiu depois que sua mulher, Andressa Mendonça, foi ao programa Fantástico, da TV Globo , para dizer que seu marido estava disposto a falar. A comissão chegou a votar proposta de que uma comitiva o visitasse na prisão, mas não foi aprovada. O novo depoimento ainda não está marcado.
O senador Vital do Rêgo também anunciou nesta terça-feira que o empresário Fernando Cavendish, ex-presidente da construtora Delta, será ouvido pela CPI no próximo dia 28 de agosto. Até então Cavendish ainda não tinha uma data marcada para dar seu depoimento na Comissão.
A CPI também rejeitou por 16 votos a 4 a proposta de partidos de oposição de dividir o trabalho do relator, o deputado Odair Cunha, com sub-relatores.
Odair Cunha votou pela manutenção de uma única relatoria. “A relatoria busca acolher as sugestões dos pares da comissão. Todos os parlamentares podem falar”, justificou, ao falar que não é necessário dividir os trabalhos.
Segundo ele, o tema já tinha sido tratado durante a elaboração do plano de trabalho. Também defendeu essa posição o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que afirmou que é tarde dividir os trabalhos da relatoria.
Autor da proposta de divisão, o deputado Rubens Bueno, que é líder do PPS na Câmara, disse que a criação de sub-relatorias iria agilizar a apuração do caso. Os partidos de oposição também têm acusado os partidos governistas de controlar o trabalho da comissão.
Mais cedo, o presidente da CPI, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que serão ouvidos na próxima terça-feira os procuradores Daniel Rezende Salgado e Lea Batista Oliveira, que trabalham no inquérito relativo às operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal. Os dois são do Ministério Público Federal de Goiás.
Na sessão desta terça-feira deverão ser decididas as datas dos depoimentos do ex-sócio da Delta, Fernando Cavendish; e do ex-diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes), Luiz Antonio Pagot.
Também foram aprovados, por unanimidade, 33 requerimentos de quebra de sigilo, entre eles o sigilo telefônico do governador de Goiás, Marconi Periloo (PSDB); de seu irmão, Toninho Perillo, e da mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça.
Em junho, a comissão já havia quebrado os sigilos telefônico, fiscal e bancário do governador goiano. Hoje, foi aprovada a quebra de sigilo de outras linhas que pertencem a Perillo. Os sigilos telefônicos se referem a quatro telefones do governo e um do irmão de Perillo no período de 1º de janeiro de 2011 a 29 de fevereiro de 2012.
Na quarta-feira, a comissão deverá ouvir Jayme Eduardo Rincón, ex-tesoureiro da campanha de Marconi Perillo ao governo de Goiás em 2010, atualmente presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop). Ele foi citado em ligações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal (PF).
Segundo as investigações, foram depositados R$ 600 mil pelo grupo de Cachoeira na conta da empresa Rental Frota Ltda., que tem Jayme como um dos sócios, com 33% de participação. A Rental já confirmou o pagamento, mas diz que se refere à venda de 28 veículos usados. Na primeira vez em que foi convocado, em 30 de maio, Jayme alegou problemas de saúde e não compareceu.
A comissão espera ouvir Aredes Correia Pires, que é delegado aposentado da Polícia Civil e ex-corregedor-geral da Secretaria de Segurança Pública de Goiás. Segundo a Polícia Federal, ele teria recebido um dos aparelhos de rádio Nextel distribuídos pelo contraventor goiano na tentativa de evitar grampos. Ele deveria depor nesta terça-feira, mas não foi localizado pela Polícia do Senado, para ser intimado.

'Convidados' a comparecer

A CPI aliviou a ação contra deputados federais suspeitos de ligação com o contraventor. Foi aprovado um convite para Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) depor ao colegiado, além de um pedido de informações a Sandes Júnior (PP-GO). Ambos foram flagrados pela Polícia Federal em dezenas de conversas telefônicas com Cachoeira.
Inicialmente, os requerimentos seriam para convocação dos parlamentares, mas por sugestão do relator Odair Cunha a mudança foi aprovada por unanimidade no colegiado. Se fossem convocados, os dois deputados seriam obrigados a comparecer para depor na CPI.
O deputado Silvio Costa (PTB-PE) protestou contra a mudança e afirmou que a comissão ficaria desmoralizada e que seria acusada de proteger a base governista e expor a oposição.
A mesma linha foi adotada pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). "Estabeleçamos a isonomia por cima e não por baixo, não convidando. Estabeleçamos a isonomia por cima convidando ambos os deputados".
O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) rebateu a acusação de que o convite a Leréia e o pedido de informações a Sandes Júnior significariam um jogo entre governo e oposição. "Não estamos fazendo nenhuma divisão entre base do governo e oposição. A acusação não tem base fundamentada", afirmou.

Por iG